Conforme noticiado pelo Conexão Política, a Índia hinduísta ficou em 10º lugar na Lista Mundial da Perseguição aos cristãos de 2020 (LMP), o mesmo da LMP de 2019. Lugar no ranking à frente de países islâmicos como a Nigéria, Arabia Saudita, e Malásia, e a China comunista.
O fato da pontuação (com 83 pontos) parecer estar se nivelando não significa que podemos esperar melhoras para os cristãos em breve – na verdade, o futuro não parece nada bom.
Ter a mesma pontuação do ano passado é mais uma indicação de que o nível de cristãos sendo perseguidos na Índia continua extremo.
Desde que o atual governo do primeiro-ministro Narendra Modi (BJP) chegou ao poder, em maio de 2014 (e foi reeleito para um mandato ainda maior em maio de 2019), a posição da Índia na LMP subiu. Radicais hindus aumentaram os ataques e o nível de impunidade é muito alto.
Todos os cristãos estão passando por perseguição na Índia, uma vez que os radicais hindus os veem como alienados à nação. Eles querem limpar o país do islamismo e do cristianismo e não se esquivam de usar a violência para isso.
Converter-se ao cristianismo – quando se vem de uma família hinduísta – é suportar o peso da perseguição na Índia e estar constantemente sob pressão para retornar ao hinduísmo. Muitas vezes, os cristãos ex-hindus são agredidos fisicamente e até mortos.
Cenário religioso
A Índia é o segundo país mais populoso do mundo, com 1,4 bilhão de habitantes, ficando atrás da China.
De acordo com o World Christian Database (WCD), a maior religião do país é o hinduísmo, com 72,5% da população. O hinduísmo domina a Índia há séculos (começou a se desenvolver entre 500 e 300 a.C.).
O cristianismo é a terceira maior religião na Índia, com 4,8% da população (66,2 milhões).
O grupo cristão que mais cresce na Índia é o de comunidades cristãs não-tradicionais, o que inclui convertidos de outras religiões ao cristianismo, ou seja, que não são descendentes de cristãos.
Governo Modi e a intolerância religiosa
Desde que Narendra Modi assumiu o poder, em maio de 2014, o nível de perseguição aos cristãos subiu dramaticamente.
Apenas falar sobre a fé cristã para um grupo maior de familiares é agora considerado como uma forma de evangelismo.
A intolerância cresceu nos últimos cinco anos. Apenas revelar a fé cristã pode ser considerado como evangelismo aos olhos dos radicais hindus.
A crescente hostilidade contra cristãos é cada vez mais expressa no uso das redes sociais, embora não limitado a esse meio.
Nas eleições de abril e maio de 2019, o Partido do Povo Indiano (BJP) ganhou com maioria absoluta no parlamento, o que significa que Modi permanecerá no poder pelos próximos cinco anos.
Brasil e Índia assinam 15 acordos bilaterais em tecnologia, energia e segurança
Na contramão de governos anteriores, o governo Bolsonaro vem se aproximando cada vez mais da Índia.
No primeiro dia da visita do presidente Jair Bolsonaro à Índia, os governos dos dois países assinaram acordos em áreas como ciência e tecnologia, energia, segurança e previdência social.
Bolsonaro foi recebido pelo presidente indiano, Ram Kovind, e pelo primeiro ministro, Narendra Modi, em uma residência oficial.
Foram assinados 15 atos internacionais com o objetivo de intensificar as relações entre os dois países.
A troca de documentos foi em outro palácio, a Hyderabad House, local destinado à recepção de chefes de estado.
Um dos acordos foi na área de bioenergia, prevendo a cooperação entre as duas nações na promoção da produção de biocombustíveis, como etanol, biodiesel, bioquerosene e biogás.
Entre os materiais incluídos no acerto estão subprodutos da biomassa.
Um memorando apontou a implantação de ações de cooperação na exploração e comercialização no setor de petróleo e gás.
Também foi estabelecida parceria para desenvolver pesquisas em recursos minerais e conhecimento geológico, bem como realização de atividades no segmento de mineração.
Os países decidiram estabelecer formas de atuação conjunta em segurança cibernética.
A parceria envolverá o intercâmbio de informações, a partir dos marcos legais de cada nação, buscando contribuir para o fortalecimento dessa área em cada nação.
Outro acordo visou criar regras entres os dois países no setor de previdência social, com o objetivo de regular os benefícios previdenciários entre os dois países.
Para ampliar o combate a atividades criminosas, como corrupção e lavagem de dinheiro, as duas nações também se comprometeram em trabalhar juntas.
Também foram firmadas parcerias nas áreas de cultura, recursos minerais, segurança cibernética, saúde e agricultura.
Os dois países firmaram entendimento com o objetivo de cooperar em ações de investigação e repressão a crimes.
Entre as práticas abarcadas estão ilícitos como corrupção, lavagem de dinheiro, tráfico de pessoas, drogas, explosivos e terrorismo.
A importância da liberdade religiosa
A liberdade religiosa protege o direito das pessoas de viver, falar e agir de acordo com suas crenças de forma pacífica e pública.
Ele protege a capacidade de serem eles mesmos no trabalho, na classe e nas atividades sociais. A liberdade religiosa é mais do que a ‘liberdade de culto’ em uma sinagoga, igreja ou mesquita.
Isso garante que eles não precisem ir contra seus valores e crenças essenciais para se adaptar à cultura ou ao governo.
A liberdade religiosa beneficia a todos.
Ele trata todas as pessoas igualmente – cristãos, judeus, muçulmanos, agnósticos, ateus e etc – preservando a diversidade do país, onde pessoas de diferentes crenças, visões de mundo e crenças podem viver pacificamente juntas, sem medo de serem punidas.
A influência de Bolsonaro
O Estado Brasileiro é laico, ou seja, não tem religião. Tem sim, o dever de garantir a liberdade religiosa.
Diz o artigo 5º, inciso VI, da Constituição: “É inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e suas liturgias”.
A liberdade religiosa é um dos direitos fundamentais da humanidade, como afirma a Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Neste contexto, o Brasil é conhecido internacionalmente por ser um exemplo de diversidade religiosa.
Apesar da maioria da população brasileira ser cristã, o país sabe conviver muito bem com o pluralismo religioso.
Desde que assumiu a presidência da República, Jair Bolsonaro, juntamente com toda equipe de governo tem colocado o país numa posição de destaque internacional.
Aos poucos, o Brasil vem conquistando novamente o prestígio e as parcerias políticas com grandes nações.
E após esse acordo histórico com a Índia, país que teceu tantos elogios ao atual governo brasileiro, Bolsonaro deve usar também essa influência para tratar das perseguições realizadas contra os cristãos no país hinduísta.
Cogita-se que, futuramente, o presidente brasileiro discuta especificamente a situação religiosa atual com Narendra Modi.
Bolsonaro deverá reforçar essa pauta destacando a posição de países como Estados Unidos e Israel — mostrando que a diplomacia brasileira está alinhada com o compromisso da liberdade ao culto — transformando-a em política de Estado.