Nos últimos anos, tem ficado cada vez mais nítida a inversão de valores morais no Brasil e no mundo. Diante disso , o caso ‘Suzy’ surge como mais um episódio preocupante para nos mostrar aonde estamos indo como sociedade.
A Rede Globo, em conjunto com o Dr. Drauzio Varella, exibiu no domingo (1° de março) uma reportagem para mostrar à população as condições que vivem os transexuais no sistema carcerário.
Diante disso, chamou a atenção a condenada Suzy, cujo nome de batismo é Rafael Tadeu de Oliveira Santos. Em determinado momento, ‘Suzy’ desabafa sobre sua vida no presídio, e diz ao médico não ter recebido nenhuma visita ou tido algum contato familiar durante 8 anos em cumprimento de pena. Então, em ato solidário, o Dr. Drauzio realiza um gesto de abraço.
Nesse meio tempo, houve uma comoção gigantesca vinda da maior parte pela turma da lacração à detenta. Teve de tudo. Envio de cartas, presentes, chocolates, caixas de maquiagem e até mesmo arrecadação de uma vaquinha virtual de valor expressivo, pois, a primeiro momento, era notório seu sofrimento ante a uma suposta solidão e preconceitos vivenciados.
Isto posto, não podemos deixar de mencionar que todos que ali se encontram, têm um passado e deixaram marcas de sofrimento inapagáveis em suas vítimas e familiares. Como já mencionado pelo Conexão Política em várias matérias, o passado de Suzy causou imensa indignação e revolta do povo, principalmente pela gravidade do delito.
Suzy fora condenada por estupro de uma criança de 9 anos (estupro de vulnerável) e seu respectivo homicídio, a 36 anos e 08 meses de reclusão. Diz o processo criminal que o crime fora maquinado e premeditado pela transexual que estudou toda a situação para a prática do delito, forçando a criança à prática de atos libidinosos. Ao final, a asfixiou a fim de assegurar sua impunidade.
Entretanto, seja por falta de cuidado ou responsabilidade, a emissora alegou que não tinha ciência dos crimes cometidos pelas entrevistadas — ficando assim caracterizada a deslealdade para com sua audiência, além de falta de senso para com a verdadeira dor das vítimas e parentes.
Nos últimos dias, Suzy fora amparada por muitas pessoas, recebendo diversos gestos singelos, além de muitas mensagens de solidariedade. Contudo, onde está o amparo à mãe do pequeno Lucas Fábio e de toda família que foram vítimas dessa atrocidade?
Estamos vivendo um momento delicado numa esfera mundial, em que podemos claramente observar uma inversão de valores advinda de teorias e filosofias que têm deturpado a lógica moral brasileira — defendida também em nossa Carta Magna.
Analisando toda essa situação, e partindo de um ponto de vista jurídico, não há amparo prático nenhum no Direito Brasileiro às vítimas de crimes contra a vida. Logo, no caso em tela, vemos a mãe da criança e seus familiares extremamente abalados e desamparados pelo Estado, enquanto Suzy, a criminosa, é acolhida pelas pessoas — assumindo o papel de vítima de toda uma “sociedade preconceituosa”.
Outrossim, vale ressaltar que Suzy se encontra na prisão justamente para cumprir e pagar por seus atos cometidos. Logo, não pode a mesma figurar como vítima tal qual a sociedade vem promovendo. Fica nítida uma clara inversão de valores. Por fim, em carta divulgada por sua advogada, Suzy assumiu seus erros do passado e mostrou seu interesse em não se promover como vítima. (leia a carta na íntegra)
Ainda no que tange ao prisma legal, não podemos deixar de mencionar os Direitos Humanos, os quais tem ganhado notoriedade nos dias de hoje. Observamos, em grande parte, os mesmos atuando em conjunto com o princípio da dignidade humana em prol dos criminosos em que, exemplificando, são amplamente resguardados e defendidos após os mesmos realizarem os delitos, se colocando no mesmo ponto que Suzy se encontra — a de vítima.
Não podemos deixar de pensar também no psicológico da mãe, exposta toda a situação gerada pela matéria do programa. A mãe do pequeno Lucas viu novamente o assassino e estuprador de seu filho recebendo o carinho das pessoas, enquanto a mesma sofre intensamente com sua perda. Onde está a dignidade da pessoa humana tão aclamada pelos Direitos Humanos?
Por fim, sem mais delongas, fica evidente a necessidade de refletirmos a cerca da moral que vemos exercendo como cidadãos, além de nossa total indignação pelo crime cometido — agravado ainda mais pela população em sua grande parte, que procura dar mais amparo social ao criminoso do que a vítima em si.