Qual a melhor mídia para leitura: a mídia tradicional (livros em papel) ou a tecnológica (eBooks ou audioBooks)?
Quando a televisão surgiu não faltaram críticos dizendo que ela “mataria” o tradicional rádio. Tolo engano. Como sabemos, o rádio sobrevive até hoje, convivendo com as redes de televisão, ou seja, há espaço para os dois.
“Os livros são abelhas que levam o pólen de uma inteligência a outra.” (James Lowell)
Confesso que tenho prazer em folhear livros em livrarias e tenho inúmeros livros em papel em minha lista de leituras, mas os eBooks, convenhamos, são muito práticos.
Neste contexto, sou um ser híbrido, pois confesso que tenho um prazer enorme em folhear livros em livrarias onde, não fossem as responsabilidades familiares, teria prazer em passar horas viajando pelas páginas e investigando as novidades como fazia quando solteiro.
“Tome um porre de livros que a ressaca é de cultura.” (Autor desconhecido)
Assim como a TV não extinguiu o rádio, não acredito que os eBooks irão fazê-lo com os livros em papel. Minha filha, pré-adolescente, portanto da geração que já nasceu com um smartphone na mão, assim como eu gosta de ambas as mídias, mas adivinhe qual é a preferência dela? Pasme: livro em papel!
Nós (eu e minha família) moramos um ano nos Estados Unidos (2016/2017) e em minha “mudança”, não fossem os eBooks teria um grande problema a resolver: levar centenas de livros na mala.
E quantas vezes, quando estamos esperando o início de um reunião, por exemplo, não podemos tirar o celular do bolso e começar a ler um eBook?
O que dizer então da facilidade que foi criada para os autores, que antes tinham que trilhar uma a via crucis para poder publicar seu trabalho, que hoje tem a publicação de um livro ao alcance de um clique?
Certamente que há desvantagens, como por exemplo não podermos emprestar nossos livros, ganhar um autógrafo, entre outros, mas na balança do custo/benefício, o lado direito dela está em vantagem.
“Livros nos dão um lugar para ir quando precisamos permanecer onde estamos.” (Autor desconhecido)
Certa vez entrei num debate (em rede social) sobre a questão dos preços altos de alguns eBooks. Representantes das editoras alegaram, para justificá-los que o que compõe a maior parte do custo de um livro são os direitos autorais (conheço muitos autores que alegam receber muito pouco por eles, logo um dos lados está mentindo) e não o material impresso.
Partindo desse princípio, se o que pagamos, ao comprar um livro é o valor da obra intelectual, pergunto: porque não temos direito, quando compramos o livro impresso, também à sua cópia digital?
Além de, fundamentado no argumento das editoras, ser um direito, facilitaria bastante nosso lazer em momentos tediosos das viagens e quem sabe até não alimentaria esse mercado? Só acho.
“Quando abro a cada manhã a janela do meu quarto é como se abrisse o mesmo livro numa página nova…” (Mario Quintana)
Segundo a UNESCO, a leitura como tradição nacional, o hábito familiar de leitura são essenciais para a formação de novos leitores. No Brasil, temos o agravante de muitos cidadãos terem saído direto do analfabetismo para a TV, sem fazer um pitstop na biblioteca.
E nesses tempos modernos ainda temos que lidar com os devices, sem limites, nas mãos de nossas crianças. Que fique claro que não sou contra seu uso, pelo contrário, mas este não deve ser de forma indiscriminada. E essa deve ser uma postura que ambos, pai e mãe, devem manter, não delegando apenas ao pai o papel de “policial ruim”. Os eBooks podem ser um meio de trazer essa juventude conectada para o mundo dos livros…
E nem iniciarei aqui a polêmica crítica da falta de sensibilidade, em minha opinião, claro, dos professores que indicam os clássicos para adolescentes de 15 anos com a justificativa de que são exigidos nos vestibulares. É uma questão para se refletir e amadurecer.
“A TV é muito educativa. Toda vez que alguém liga, vou ler um livro.” (Groucho Marx, In Duailibi)
A leitura faz com que aprendamos a refletir, a moldar nossos pensamentos ou também elaborarmos argumentos para contradizer ideias que são colocadas através das palavras. Privar-se dela é abrir as portas para a deficiência no senso crítico.
“Livros não mudam o mundo; quem muda o mundo são as pessoas. Os livros só mudam as pessoas”. (Mario Quintana, 1906-1994, poeta brasileiro)
Enfim, acredito que deveríamos levantar a bandeira do direito à versão digital quando compramos um livro em papel e vice-versa.
“Um livro incendeia um homem e um homem incendeia uma geração” (Autor Desconhecido)
E por falar em livros, há muitos anos eu divulgo e executo a Campanha “Um livro por aí”. Você conhece? Já escrevi um artigo sobre o assunto aqui (Doe um livro), mas aqui vai um resumo:
Pegue um livro que não consultará mais, escreva na primeira página dele o seguinte texto (por exemplo):
“O país é feito por homens e livros (Monteiro Lobato)
Este livro está sendo deixado aqui para incentivar a leitura. Após desfrutar de seu conteúdo, deixe-o em outro lugar e continue com essa iniciativa. Assim, estaremos contribuindo para um mundo melhor.”
Deixe-o em um lugar público.
Simples, prático, independente de qualquer estrutura…
E por fim, deixo a você uma reflexão:
Já pensou em adotar alguém, com livros?