Há não muito tempo atrás eu criticava, em pronunciamentos oficiais do governo, a utilização de profissionais de Libras(*). Eu questionava: “Não seria mais eficaz usar legendas? Isso não é gasto de dinheiro público de forma irresponsável?”
Cheguei a debater com um internauta que não soube me apresentar números que justificassem seus argumentos para defender a utilização desses profissionais. Se o reencontrasse hoje, nossa conversa seria diferente da que tivemos. Eu me retrataria. Explico o motivo a seguir.
Na primeira semana de fevereiro de 2019, “acidentalmente” este tema foi abordado pela nossa colega de colunas semanais, a primeira correspondente internacional do Conexão Política, Thaís Garcia, em seu artigo “Nova tecnologia da Google beneficia comunidade surda no mundo“. Nele tomei conhecimento dos números oficiais de membros da comunidade surda e comunidade muda. São 70% de analfabetos em língua portuguesa! É o inverso do que eu imaginava, fundamentado na observação empírica!
Outro conceito que desconstruí, graças à mesma autora, foi o de que todo surdo era mudo por uma razão biológica, anatômica e estatística. Não é verdade! As comunidades são diferentes, há comunidades de surdos e comunidades de mudos. A confusão é comum devido ao fato de os surdos não desenvolverem a linguagem oral!
Saber ouvir e aceitar o que vai contra nossas convicções é um hábito que deveríamos desenvolver. Através deste ato de humildade aprendemos e chegamos mais próximos do caminho pela busca de soluções reais. E pouco importa se aprendemos com legendas ou Libras…
(*) LÍngua BRAsileira de Sinais