Em entrevista à revista Veja, o governador afastado do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), voltou a tecer críticas contra o presidente Jair Bolsonaro.
Alvo de dois mandados de busca e apreensão pela Polícia Federal (PF), ele foi afastado do cargo em 28 de agosto, pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) por suspeita de corrupção.
Segundo Witzel, uma ira foi despertada após Bolsonaro ter conhecimento da pretensão que ele tinha de disputar a presidência da República em 2022.
“O presidente só pensa na reeleição de 2022 e pôs na cabeça que todos os seus adversários precisam ser abatidos. Essa história começou lá atrás, quando Bolsonaro tinha acabado de vencer e me disse que não disputaria um segundo mandato. Então eu, também recém-eleito, falei logo em nosso primeiro encontro: ‘Vamos trabalhar juntos? Quero ter a oportunidade de concorrer ao Planalto’, afirmou ele, na entrevista a Veja.
Questionado se houve algum tipo de arrependimento sobre tais declarações, o ex-juiz disse que sim.
“Dei motivo para ele criar uma narrativa contra mim. Para o eleitor do Bolsonaro, sou o traidor número um. Foi um ato de inexperiência política”, assegurou ele, no Palácio das Laranjeiras, onde segue morando com a mulher, Helena, e três dos quatro filhos.
O governador afastado chegou a relatar um diálogo que teve com o presidente, durante festa de aniversário de um ministro do Tribunal de Contas da União (TCU).
“Governador, não faça nada contra os meus filhos”, teria dito Bolsonaro. Segundo Witzel, Bolsonaro achava que ele plantaria provas contra os filhos dele.
Sem entender, Witzel teria questionado a fala: “Mas fazer o quê?”.
“Nenhuma maldade”, teria respondido o presidente da República.
Bolsonaro, no entendimento do governador afastado, passou a cogitar que ele plantaria provas contra os filhos dele, Carlos e Flávio.
“Como se sabe, há investigações delicadas no Rio de Janeiro que envolvem a família. Não é exagero dizer que a República gira hoje em torno da proteção ao Flávio Bolsonaro”, disparou.
Para Witzel, o Ministério Público Federal foi cooptado parcialmente pelo presidente e faz aquilo que é de interesse do governo.
“O Ministério Público Federal foi cooptado parcialmente e faz aquilo que é de interesse do governo. A Polícia Federal também”, acrescentou.
O presidente Jair Bolsonaro não se manifestou sobre o assunto até o fechamento deste texto.