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No debate político atual — em que a ‘política’ tomou o espaço da racionalidade no diálogo — vê-se sempre seu “oponente” como o pior das pessoas, é o purgatório da mente autoritária para inocentar a si.
A bola da vez, agora, ou sempre, é a Rede Globo. A emissora número um vê agora um de seus principais jornalistas, e autor, adentrado no embate político — ou puxado para este. William Waack, em vídeo, foi autor de um infeliz comentário racista; está afastado até haver um maior esclarecimento. Afastado, talvez, da carreira.
A queima de seus livros começou já na internet (o local mais inflamável) com muitos pedindo sua prisão, ou até sua morte: há de tudo.
Movimentação que obrigou ao Jornal da Globo anunciar logo no seu início o afastamento de Waack.
Por obviedade, não há dúvida de que uma atitude racista de qualquer tipo tem de ser moralmente repudiada. Mas a questão aqui é: Por que a emissora em outras ocasiões que houve um igual (ou maior) escândalo envolvendo alguns de seus funcionários, como José de Abreu que cuspiu numa mulher ou Pedro Bial que, em 1998, falara em Ballet ser coisa de veado, não fez nada?
O caso do Pedro Bial faz muito tempo, nada que possa incomodar o lucro da emissora, mas a falta de um pronunciamento em repúdio, tal qual houve para com o jornalista Waack, à deplorável cena de José de Abreu, o cuspidor, é no mínimo ideológica. É isso, os problemas sociais brasileiros estão, infelizmente, sendo afetados pela perspectiva ideológica, que avalia quem ‘não passará’: método higienista das políticas “corretas”. Para se atentar: A patrulha ideológica não fica explicitada com o repúdio à atitude discriminatória; fica explicitada com a seletividade diante de fatos semelhantes.
A seletividade global é o reflexo da ação política, hoje de praxe, de eliminar os não comprometidos de corpo e alma com algum coletivo. A preocupação que fica é a tal reação romper com a proporcionalidade e invocar o ódio de vetor trocado, que é, às vezes, maior.
Aforismo que captura discípulos, quase que inconscientes, e os põe para guerrear em nome de uma causa boa.
Geralmente, o rompimento deste ciclo, o pêndulo da ira, vem com o final de outro.