Ghislaine Maxwell não foi apenas uma “amiga” de Jeffrey Epstein, mas ela está sendo acusada de ter facilitado e participado de abuso sexual de menores. Denúncias de diferentes vítimas e em diferentes ocasiões relatam praticamente os mesmos atos criminosos da dupla. Em entrevista à FOX News, uma dessas mulheres, conhecida como Jane Doe, contou sobre os traumas inúmeras vezes sofridos entre os seus 14 e 16 anos de idade.
Doe é uma das mulheres que entraram com uma ação contra Epstein no ano passado. Durante a entrevista à Fox News, ela detalhou um padrão de conduta imprópria de Maxwell que envolvia mais do que apenas “preparar uma criança para um encontro com pedófilos”.
“Ela me estuprou. Eu diria que foram mais de 20 ou 30 vezes”, disse Doe na entrevista. “Ela é tão má quanto Jeffrey Epstein … Ela é estupradora.”
“Ela é uma pessoa má. Não acredito que Jeffrey Epstein pudesse ter obtido a grande quantidade de vítimas se não fosse por ela”, acrescentou. “Ela destruiu os melhores anos da minha vida, sendo adolescente e líder de torcida.”
Doe disse à Fox que o abuso começou na Flórida em 1991, quando ela tinha aproximadamente 14 anos. Terminou quando ela tinha 16 anos – quando foi forçada a fazer um aborto porque Epstein a engravidara. Além de ser estuprada pelos dois, Doe também disse que foi brutalmente espancada por Epstein e Maxwell porque eles temiam que ela tivesse contado os abusos aos avós, que a estavam criando.
Como em muitos outros testemunhos de outras vítimas, a história se repetia com o uso do mesmo método de aliciamento. Segundo Doe, o abuso começou quando ela foi recrutada por um amigo para o “círculo” de Epstein. Doe disse que recebeu uma mensagem pager (bipe) e que Maxwell passou a fazer viagens de compras de artigos de luxo com ela.
Ela contou que foi agredida sexualmente. Mas não apenas por Epstein, Doe disse que também foi penetrada com brinquedos sexuais e dedos por Maxwell.
“Quando isso começou, ela me disse que Epstein estava ficando chateado porque eu continuava sangrando, e que ela estava ajudando para que não doesse tanto porque deveria ser satisfatório”, disse Doe.
Ela disse que Maxwell costumava estar na sala com Epstein instruindo-a sobre como agradar o bilionário.
“Ela [Maxwell] ficava como que [me] treinando”, disse Doe. “Faça dessa maneira e faça assim, porque uma vez que você se torna uma modelo, é isso que eles esperam de você”.
O testemunho de Doe é semelhante à história de uma das três vítimas menores descritas na acusação contra Maxwell, embora o abuso nesse outro caso começou três anos depois do abuso contra Doe.
“Maxwell conheceu a Vítima Menor-1 quando a Vítima Menor-1 tinha aproximadamente 14 anos. Maxwell posteriormente interagiu com a Vítima Menor 1 em várias ocasiões nas residências de Epstein, sabendo que a Vítima Menor 1 tinha menos de 18 anos na época”, diz a acusação.
“Durante essas interações, ocorridas entre aproximadamente 1994 e 1997, Maxwell preparou a Vítima Menor-1 para se envolver em atos sexuais com Epstein por vários meios. Primeiro, Maxwell e Epstein tentaram fazer amizade com a Vítima Menor-1, levando-a ao cinema e em compras. Maxwell também perguntou à Vítima Menor-1 sobre a escola, suas aulas, sua família e outros aspectos de sua vida.”
“Maxwell então procurou normalizar condutas inapropriadas e abusivas, despindo-se, entre outras coisas, na frente da Vítima Menor-1 e estando presente quando a Vítima Menor-1 se despiu na frente de Epstein.”
“No primeiro ano após Maxwell e Epstein conhecerem a Vítima Menor-1, Epstein começou a abusar sexualmente da Vítima Menor-1. Maxwell esteve presente e se envolveu em alguns desses abusos. Em particular, Maxwell envolveu a Vítima Menor 1 em massagens sexuais em grupo de Epstein. Durante o grupo de massagens sexuais, Maxwell e / ou a Vítima Menor-1 praticavam atos sexuais com Epstein.”
A história de Jane Doe consegue ficar ainda mais sombria, depois do aborto forçado aos 16 anos. Epstein e Maxwell suspeitaram que ela havia contado os abusos aos avós, então, eles a agrediram pela última vez, e a estupraram em grupo, mandando-a para casa sem roupas e com um motorista armado.
“Ghislaine fazia parte disso”, disse Doe à Fox. “Eu fui drogada.”
“Fui despejada no quintal dos meus avós, nua, e me disseram que eu não voltaria viva na próxima vez.”
“Eu nunca estive com ninguém, exceto ele [Epstein]”, acrescentou. “O fato de eu ter que matar meu filho realmente afetou a mim e a minha família.”
Doe disse que está “absolutamente” disposta a se posicionar e quando Maxwell for a julgamento.
“Definitivamente, eu ficaria de pé e testemunharia, porque acredito que ela merece estar onde está hoje e merece ficar lá pelo resto da vida”, disse Doe. “Espero que, ao dar esse passo, encoraje outras vítimas.”
No entanto, a preocupação maior no momento é se a polícia não cometerá o mesmo erro que ocorreu com a misteriosa morte de Epstein em sua cela na prisão em Manhattan, Nova York. Maxwell poderia seguir o mesmo caminho.
Já um associado de Epstein disse ao The Sun que acredita que a prisão irá amolecer Maxwell, de 58 anos.
“Se eles a mantiverem na prisão, ela quebrará em dois segundos. Ela não é capaz de suportar esse tipo de punição cruel, a prisão é muito dura e difícil, ela terá que ficar em confinamento solitário e vai se arrepender”, disse Steven Hoffenberg, que cumpriu 18 anos de prisão por planejar junto à Epstein um dos maiores esquemas de fraude da história no final dos anos 80 e início dos anos 90. Epstein “escapou” da punição.
“Conheço o confinamento e sei como é difícil para as pessoas se ajustarem, é muito doloroso, psicologicamente muito doloroso e ela nunca será capaz de aguentar”, disse Hoffenberg.
Hoffenberg disse isso no contexto de Maxwell cooperar com autoridades federais e falar contra indivíduos de “alto perfil” da elite que podem ter recebido meninas menores de idade oferecidas por Maxwell e Epstein.
“Ela vai cooperar e será muito importante”, disse ele. “[Príncipe] Andrew deve estar muito preocupado, e há muitas pessoas muito preocupadas, muitas pessoas poderosas foram nomeadas [no escândalo], e ela sabe tudo.”
Jane Doe se preocupa com a possibilidade de Maxwell procurar uma saída e conseguir fugir.
“Ela obviamente tem muitas conexões, vários passaportes”, disse Jane Doe sobre Maxwell na entrevista à Fox. “Eu apenas sinto que, por algum motivo, ela poderia sair da prisão, ela poderia fugir e ninguém a encontraria.”
É por isso que ela apoia os promotores na decisão de pedir ao juiz que negue a fiança de Maxwell.
“Como resultado de sua conduta perturbadora e insensível, Maxwell agora enfrenta a perspectiva muito real de passar muitos anos na prisão”, argumentaram os promotores em um memorando. “A força das evidências do governo e a pena de prisão substancial que a ré enfrentaria por condenação criam um forte incentivo para que a ré fugisse. Esse risco é amplificado apenas pelos extensos laços internacionais da ré, sua cidadania em dois países estrangeiros, sua riqueza e sua falta de laços significativos com os Estados Unidos. ”