A Armênia acusa o país vizinho Azerbaidjão de atacar assentamentos civis na região de Nagorno-Karabakh, segundo o primeiro-ministro armênio, Nikol Pasjinian.
Neste domingo (27), o Ministério da Defesa da Armênia disse que as forças armênias derrubaram dois helicópteros do Azerbaidjão e três drones em resposta aos ataques.
O Ministério da Defesa do Azerbaidjão, por sua vez, disse que lançou uma operação militar ao longo da “linha de contato”, uma espécie de “terra de ninguém” que separa as forças apoiadas pela Armênia das forças do Azerbaidjão na região. O Azerbaidjão afirma que civis foram mortos depois que a Armênia disparou contra posições militares e algumas áreas residenciais.
“Os armênios começaram provocações em grande escala na manhã de domingo e atacaram áreas civis nos distritos de Agdam, Fuzuli e Tartar perto de Nagorno-Karabakh”, disse o Ministério da Defesa do Azerbaidjão, em um comunicado. Os militares do Azerbaidjão estão tomando “medidas retaliatórias” para proteger a população, disse o comunicado.
A Armênia decretou a mobilização geral da população masculina e a lei marcial em Nagorno-Karabakh no domingo, após o início dos combates nas linhas de frente.
Pelo menos 16 militares armênios morreram e mais de uma centena ficou ferida nos confrontos, de acordo com autoridades de Nagorno-Karabakh.
Os dois lados, que se acusam mutuamente de ter iniciado as hostilidades, relatam a perda de civis. Erevã anunciou as mortes de uma mulher e de uma criança, enquanto Baku informou o falecimento de uma família azeri de cinco membros.
A Turquia, aliada tradicional do Azerbaidjão, renovou seu apoio a este país em uma conserva telefônica entre o líder turco Erdogan e seu homólogo azeri.
O vizinho Irã declarou estar disposto a mediar negociações entre ambos os países.
A França, mediadora do conflito ao lado de Rússia e Estados Unidos como integrante do Grupo de Minsk, pediu o cessar das hostilidades, assim como o fizeram a União Europeia e a Alemanha.
O Azerbaidjão possui imensas reservas de petróleo, o que lhe confere grandes gastos militares. Já a Armênia, muito mais pobre, é um país mais próximo à Rússia, que tem lá uma base militar.
A Rússia vende armas para ambos os países, mas tornou-se um árbitro na região, evitando por enquanto uma guerra aberta. Hoje, Moscou pediu um cessar-fogo “imediato” e o início de negociações para estabilizar a situação.
Conflito de longas datas
Os dois ex-países soviéticos há muito tempo estão em conflito pela região de etnia armênia de Nagorno-Karabakh. Conflitos de fronteira ressurgiram lá novamente nos últimos meses.
O conflito entre a Armênia e o Azerbaidjão remonta aos tempos da União Soviética. Nos anos 80 o território de Nagorno Karabakh, de população maioritariamente armênia, pediu a incorporação na Armênia, tendo desencadeado uma guerra na qual perderam a vida 25 mil pessoas.
Esses armênios étnicos em Nagorno-Karabakh declararam sua independência durante um conflito que eclodiu quando a União Soviética entrou em colapso em 1991.
Embora um cessar-fogo tenha sido acordado em 1994, o Azerbaidjão e a Armênia se acusam regularmente de ataques em torno de Nagorno-Karabakh e ao longo da fronteira entre o Azerbaidjão e a Armênia.