O presidente Michel Temer assinou o decreto de intervenção federal do Rio de Janeiro e admitiu que a medida é “extrema”, mas que às vezes é necessário tomar essas atitudes para restaurar a “ordem” no país. Temer ressaltou que os índices crescentes de violência no estado “ameaça a tranquilidade” de toda a população e também comparou a ação do crime organizado no estado como uma “metástase” que se espalha pelo país.
Participaram da cerimônia no Palácio do Planalto os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE); e os ministros Raul Jungmann (Defesa), Torquato Jardim (Justiça), Sérgio Etchegoyen (Gabinete de Segurança Pública) e Moreira Franco (Secretaria-Geral).
“É uma onda que se espalha pelo país e ameaça a tranquilidade do nosso povo, por isso, acabamos de decretar, neste momento, a intervenção federal na área de segurança público do Rio. Eu tomo essa medida extrema poque as circunstâncias assim desejam”, disse Temer.
O decreto se limita à área de segurança pública e o interventor será o general Walter Souza Braga Netto, do Comando Militar do Leste do Exército, sediado no Rio de Janeiro. Ele fica subordinado ao Presidente da República e não está sujeito às normas estaduais que conflitarem com as medidas necessárias à execução da intervenção”, afirma trecho do decreto. Ele também “exercerá o controle operacional de todos os órgãos estaduais de segurança pública
“Os senhores sabem que o crime organizado quase tomou conta do estado do Rio de Janeiro. É uma metástase que se espalha pelo país e ameaça a tranquilidade do nosso povo. Por isso, acabamos de decretar a intervenção federal na área da segurança pública do Estado. Os senhores sabem que tomo essa medida extrema porque as circunstâncias assim exigem. O governo dará respostas duras, firmes e adotará todas as providências necessárias para enfrentar o crime organizado e as quadrilhas”, ponderou Temer.
Com o início da intervenção, as polícias Civil e Militar, além dos bombeiros, ficarão sob o comando do general Braga Netto. Caberá a ele a tomada de decisões e a realização de medidas para combater o crime organizado no estado.
Mortes de inocentes são intoleráveis:
“Não podemos aceitar passivamente a morte de inocentes. É intolerável que nós estejamos enterrando pais e mães de família, trabalhadores, policiais, jovens e crianças, e assistindo bairros inteiros situados. Escolas sob a mira de fuzis e avenidas transformadas em trincheiras. Nós não vamos aceitar que matem nosso presente e nem que continuem a assassinar nosso futuro.”
Não pode aceitar passivamente a morte de inocentes:
“É intolerável que estejamos enterrando pais, mães e bairros inteiros sitiados e avenidas transformados em trincheiras. Por isso, basta! Nós não vamos mais deixar.”
Combate aos sequestradores da Liberdade
“A intervenção é foi construída em diálogo com o governador Luiz Fernando Pezão, e eu comunico que nomeei interventor o Comandante Militar do Leste, que terá poderes para restaurar a tranquilidade do povo. As polícia e as forças armadas estarão nas ruas, nas avenidas e nas comunidades. E unidas combaterão e vencerão aqueles que sequestram do povo as nossas cidades.
A medida deixa claro que as demais áreas que não tiverem relação direta ou indireta com a segurança pública permanecem sob o comando do governador Luiz Fernando Pezão.
General terá “recursos financeiros, tecnológicos e humanos” do Rio
Ainda assim, o interventor poderá solicitar, caso seja necessário, “os recursos financeiros, tecnológicos, estruturais e humanos do Estado do Rio de Janeiro“. Além disso, “poderão ser requisitados, durante o período da intervenção, os bens, serviços e servidores afetos às áreas da Secretaria de Estado de Segurança do Estado do Rio de Janeiro, da Secretaria de Administração Penitenciária do Estado do Rio de Janeiro e do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro, para emprego nas ações de segurança pública determinadas pelo Interventor.”
Outro ponto do decreto permite que o interventor solicite “a quaisquer órgãos civis e militares da administração pública federal os meios necessários para consecução do objetivo da intervenção”.
Pronunciamento em rede nacional
Às 20h30m desta sexta-feira (16), o presidente Michel Temer fará um pronunciamento em cadeia de rádio e televisão para explicar as razões da intervenção. A gravação será feita nesta tarde, após todos os atos serem definidos.
VOTAÇÃO NO SENADO
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), contrário à decretação da intervenção federal no Rio de Janeiro, mas convencido pelo governo da necessidade da medida, disse que o decreto será votado pela Câmara, entre segunda e terça-feira, e na quarta-feira pelo Senado. Segundo ele, a decisão foi extrema, mas “precisa dar certo de qualquer jeito”.
Com informações, O Globo.