O decreto do prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), que alterou desde segunda-feira (11) o rodízio de carros na capital paulistana e obrigou mais pessoas a utilizarem o transporte público, aumentando assim a aglomeração em ônibus e metrô, foi reprovada por alguns médicos.
Segundo a prefeitura, houve na terça-feira (12) 1,57 milhão de passageiros nos ônibus municipais, aumento de 135 mil usuários em relação à média da semana anterior.
No entanto, a decisão surtiu pouco efeito no índice de isolamento medido pelo governo do estado, que ficou em 48% na terça-feira, exatamente o mesmo índice da terça-feira da semana anterior (5), indicando que, de carro ou não, as pessoas continuaram saindo de casa.
Segundo o portal Pleno News, o infectologista Evaldo Stanislau, que atua no Hospital das Clínicas, afirmou que “o problema não é o meio de transporte, mas a proximidade entre as pessoas. Em qualquer meio de transporte onde você tenha mais de uma pessoa, há um risco”.
O problema, afirma ele, é que no metrô a renovação de ar é mínima, assim como em ônibus mais modernos cujas janelas são fechadas para o ar condicionado. Além disso, mesmo que as precauções sejam tomadas, se o ônibus ou o metrô estiverem lotados “você acaba ficando sem opção”.
“A pergunta é: tomo multa ou me arrisco no transporte público? Do ponto de vista da saúde, é melhor tomar uma multa”, afirma.
A infectologista Raquel Stucchi, da Unicamp, diz que “vários dados epidemiológicos mostram que uma das vias mais eficientes de transmissão é o transporte público, justamente pela aglomeração que provoca”.
“As pessoas que trabalham em atividades essenciais são duplamente penalizadas. Primeiro, porque precisam sair de casa e estão expostas. Segundo, porque já estavam se aglomerando no transporte público, com a redução da frota, e isso só piora com o rodízio”, diz a especialista.