O Brasil registrou 46.328 mortes violentas intencionais em 2023, marcando uma queda de 3,4% em relação ao ano anterior, o menor número desde 2011. No entanto, seis estados apresentaram um aumento nos crimes violentos, contrariando a tendência nacional.
Os dados são do 18º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado nesta quinta-feira, 18. As estatísticas englobam homicídios dolosos, latrocínios, lesões corporais seguidas de morte e mortes por “intervenção policial”.
O Amapá lidera o aumento, com 39,8%, seguido por Mato Grosso (8,1%), Pernambuco (6,2%), Mato Grosso do Sul (6,2%), Minas Gerais (3,7%) e Alagoas (1,4%).
Desde 2017, quando houve 64.079 vítimas, as mortes violentas têm diminuído. Entre 2022 e 2023, a queda foi mais significativa, comparada ao período anterior, que teve uma redução de 0,7%, conforme o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
De acordo com o relatório, crimes contra mulheres, minorias raciais e pessoas da comunidade LGBT atingiram recordes. O crime de estelionato, incluindo golpes online, tornou-se o principal crime patrimonial, com uma vítima a cada 16 segundos.
Perfil das mortes violentas e distribuição geográfica
O perfil das vítimas permanece o mesmo: homens (90,2%), negros (78%), jovens de até 29 anos (49,4%), mortos principalmente por armas de fogo (73,6%) em vias públicas (56,5%).
Dezoito estados apresentaram taxas de mortes violentas superiores à média nacional. Santana (AP), Maranguape (CE) e Eunápolis (BA) lideraram o crescimento. Santana, que passou da 31ª para a primeira posição, registrou 72 homicídios, um latrocínio e 27 mortes por ações policiais.
A violência em Santana é atribuída a disputas de facções pelo porto e à atuação policial. Em Maranguape, a facção Massa Carcerária, associada ao PCC, contribuiu para um aumento de 85,7% nas mortes violentas, totalizando 78 em 2023.
A segurança para mulheres piorou, com 83.988 registros de estupro, a maioria envolvendo vulneráveis. Casos de racismo, agora registrados em todas as unidades federativas, somaram 11.610, enquanto injúrias raciais atingiram 13.897.
Estelionatos e furtos de celulares
Estelionatos foram frequentes, com uma vítima a cada 16 segundos. Apesar de uma queda em roubos de pedestres, comércios, residências, cargas, veículos e celulares, os furtos de celulares atingiram um recorde, com 494,2 mil casos.
Esses furtos ocorrem mais frequentemente aos fins de semana, em horários de pouco movimento, especialmente entre 10h e 11h e 15h e 20h. Entre as 50 cidades com as maiores taxas de roubo e furto de celular, 15 estão em São Paulo.