O cantor sertanejo Gusttavo Lima teve sua prisão decretada nesta quarta-feira, conforme informou a Folha de S.Paulo. Seu nome foi citado em um esquema que também envolve a influenciadora Deolane Bezerra e empresários ligados ao setor de apostas online. A investigação foi impulsionada por anotações encontradas em uma banca de jogo do bicho, que ajudaram a desmantelar o grupo.
A investigação começou após a apreensão de um saco de dinheiro. Segundo o programa Fantástico, em reportagem exibida no dia 8, um saco com R$ 180 mil e um caderno de anotações foram apreendidos em 2022 na banca de jogo do bicho O Caminho da Sorte, localizada em Recife (PE).
O ponto era controlado por Darwin Henrique da Silva, bicheiro conhecido na região. O delegado-geral da Polícia Civil de Pernambuco, Renato Rocha, afirmou ao Fantástico que as anotações revelaram indícios de lavagem de dinheiro, além de pistas sobre outros membros do esquema. Segundo as investigações, o grupo utilizava novas tecnologias e empresas de diversos setores para reinserir o dinheiro lavado no mercado.
“Observamos a migração de pessoas que atuavam no jogo do bicho, que é ilegal, para o ramo das apostas online”, explicou Alessandro Carvalho Liberato de Mattos, secretário de Defesa Social de Pernambuco, ao Fantástico.
Suposto envolvimento de Gusttavo Lima
Uma empresa do cantor Gusttavo Lima, a Balada Eventos e Produções Limitada, está sendo investigada por suposto envolvimento em um esquema de lavagem de dinheiro. A Justiça determinou o bloqueio de R$ 20 milhões e o sequestro de todos os imóveis e embarcações registrados em nome da empresa.
De acordo com o programa Fantástico, a Balada Eventos teria sido utilizada no esquema, juntamente com empresas de José da Rocha Neto, proprietário da casa de apostas online Vai de Bet, que foi patrocinadora máster do Corinthians até junho deste ano. As investigações apontam que essas empresas faziam parte de uma rede para ocultar e movimentar valores ilegais.
Um avião recentemente comprado por uma empresa de José da Rocha Neto, a JMJ Participações, pertencia ao cantor Gusttavo Lima. A aeronave, um Cessna Citation Excel, foi apreendida pela Operação Integration na última quarta-feira (04). Segundo a assessoria de Gusttavo Lima, o cantor não tem envolvimento no esquema criminoso. Eles explicaram que a aeronave ainda está registrada em nome da Balada Eventos e Produções Limitada devido a questões burocráticas.
Em nota ao Fantástico, a equipe de Gusttavo Lima afirmou que o cantor mantém apenas um contrato de uso de imagem com a Vai de Bet, negando qualquer participação dele ou da Balada Eventos em “esquemas de organização criminosa, exploração de jogos ilegais ou lavagem de dinheiro”.
O cantor Gusttavo Lima publicou uma nota em suas redes sociais no domingo (8), afirmando que sua empresa está sendo alvo de “injustiça”. Segundo ele, a Balada Eventos foi envolvida na Operação “simplesmente por ter transacionado comercialmente [a aeronave] com essas empresas investigadas”.
A Justiça também emitiu um mandado de prisão contra José da Rocha Neto, empresário considerado foragido. No momento da operação, Rocha Neto estava na Grécia, acompanhado de Gusttavo Lima e suas esposas. Além da ordem de prisão, a Justiça bloqueou R$ 35 milhões das contas pessoais do empresário e mais R$ 160 milhões das empresas vinculadas a ele.
A defesa de Rocha Neto declarou ao Fantástico que “não existe qualquer indício de sua participação em atos ilícitos” e que todo seu patrimônio é devidamente declarado e legal.
A irmã de Deolane Bezerra, Daniele Bezerra, utilizou suas redes sociais para criticar a matéria exibida pelo Fantástico. Em um vídeo, ela afirmou: “Pra quem esperou um carnaval no Fantástico, pra quem esperou que iam ser descobertos milhares de crimes de Deolane Bezerra, ‘tá’ calado agora? ‘Tá’ calado? Porque vocês escutaram: são suposições, investigações, acha-se que Deolane tem não sei quantos milhões… e por acaso nesse país, quem é que fica preso porque acha? Quem é que fica preso por suspeitas? Sabe quem? Deolane Bezerra, que ‘tá’ presa junto com a mãe só por ser quem ela é”, declarou Daniele.
Como empresa de Deolane estaria envolvida no esquema?
Deolane Bezerra teria fundado uma empresa de apostas online com o objetivo de lavar dinheiro. A influenciadora é CEO e fundadora da Zeroumbet Plataforma Digital LTDA, que foi aberta em julho com capital social declarado de R$ 30 milhões. A sociedade da empresa está em nome de Deolane e da Bezerra Publicidade e Comunicação LTDA. De acordo com as investigações, a Zeroumbet foi criada para facilitar a lavagem de dinheiro proveniente de jogos ilegais.
A Justiça determinou o bloqueio de R$ 20 milhões das contas pessoais de Deolane, além de outros R$ 14 milhões de uma empresa registrada em seu nome. Conforme apurado pelo Fantástico, Deolane informou às autoridades que possui uma renda mensal de R$ 1,5 milhão.
A defesa de Deolane Bezerra reagiu às acusações por meio de uma nota assinada pela advogada Adélia Soares, na qual afirmam que a empresa Zeroum “não faz parte da investigação e nem foi mencionada nos autos do inquérito”. A defesa também ressalta que a Zeroum não possui conta bancária e nunca realizou ou recebeu transferências de valores. A nota ainda informa que a empresa de apostas tem licença concedida por Curaçao, um local no Caribe onde muitas empresas de apostas online estão registradas.
A mãe de Deolane, Solange Bezerra, também foi presa durante a Operação Integration e teve R$ 3 milhões bloqueados pela Justiça. Segundo informações do Fantástico, em depoimento à polícia, Solange afirmou que suas movimentações financeiras são decorrentes de publicidades, mas em alguns momentos teria dito “que não se recorda ou que desconhece” certos valores. A defesa de ambas reforçou que Solange “não é e nunca foi” administradora da Zeroum.