O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), responsável por coordenar e controlar a operação das instalações de geração e transmissão de energia, sugeriu na última semana que o Brasil retome o horário de verão.
Apesar da recomendação, o governo federal ainda está avaliando a possibilidade antes de tomar uma decisão.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou na semana passada que a definição sobre o tema deve ocorrer em breve.
Caso o horário de verão seja retomado, a medida poderá entrar em vigor em 2024, embora não necessariamente por todo o período do verão, que se estende de 21 de dezembro deste ano até 20 de março de 2025.
Silveira ressaltou que, mesmo com a sugestão da ONS, não há risco energético previsto para 2024 devido ao planejamento adotado. Porém, o ministro frisou a importância de pensar no futuro, considerando 2025 e 2026.
O ministro Alexandre Silveira destacou o horário de verão como uma medida que pode favorecer a sustentabilidade energética e mencionou o Canadá como um exemplo de país que ainda adota esse sistema.
“O horário de verão é uma possibilidade real, mas não é um fato porque tem implicações, não só energéticas, tem implicações econômicas. É importante para diminuir o despacho de térmicas nos horários de ponta, mas é uma das medidas, porque ela impacta muito a vida das pessoas”, afirmou o ministro.
O horário de verão foi implementado no Brasil em 1931 e permaneceu em vigor de forma contínua de 1985 até 2019, quando foi revogado pelo governo do ex-presidente Jair Bolsonaro devido à baixa eficiência na economia de energia.
O que acha a população sobre o horário de verão
A possível volta do horário de verão no Brasil divide opiniões, mas uma pesquisa realizada pelo portal Reclame Aqui e pela Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) aponta que a maioria da população apoia a medida. O levantamento, que ouviu três mil pessoas, revela que 54,9% dos entrevistados são a favor da mudança nos relógios ainda este ano.
Desses, 41,8% se dizem totalmente favoráveis ao retorno do horário de verão, enquanto 13,1% se mostram parcialmente favoráveis. Por outro lado, 25,8% são totalmente contrários à adoção, 17% encaram a mudança com indiferença e 2,2% se dizem parcialmente contrários.
As regiões que mais apoiam o retorno do horário de verão são aquelas onde a medida já era praticada: Sul, Sudeste e Centro-Oeste. No Sudeste, 56,1% são favoráveis, sendo 43,1% totalmente a favor e 13% parcialmente favoráveis.
No Sul, 60,6% dos entrevistados apoiam o retorno do horário de verão, com 52,3% sendo totalmente favoráveis e 8,3% parcialmente favoráveis. No Centro-Oeste, 40,9% são favoráveis à mudança, sendo que 29,1% se declaram totalmente a favor e 11,8% parcialmente a favor. Quando somadas as três regiões – Sul, Sudeste e Centro-Oeste –, o apoio chega a 55,74%.
A pesquisa também mostra que 43,6% dos entrevistados acreditam que o horário de verão contribui para a economia de energia e outros recursos. Em contrapartida, 39,9% afirmam que a medida não traz economia e 16,4% não souberam ou não têm certeza sobre o impacto da mudança.
Por regiões
De acordo com a pesquisa da Abrasel, a região Sul se destaca por ser a que mais acredita na economia de recursos com o horário de verão, com 47,7% dos entrevistados defendendo que o adiantamento do relógio gera essa economia. Além disso, 51,8% consideram que a mudança no horário é benéfica para o comércio e serviços, como bares, lojas e restaurantes. No entanto, 32,7% afirmam não enxergar vantagens, e 15,5% dizem não ter opinião formada.
Outro dado relevante da pesquisa aponta que 41,7% acreditam que suas cidades se tornam mais atrativas para o turismo durante o horário de verão. Apenas 9,4% afirmaram que a cidade fica menos atrativa, enquanto 43,6% disseram não notar diferença.
O estudo revela ainda que muitas pessoas se sentem mais seguras durante o horário de verão, especialmente ao sair para o trabalho. De acordo com a pesquisa, 35,2% dos entrevistados afirmam que se sentem mais seguros com a mudança no horário, enquanto 19,5% relatam se sentir menos seguros. Para a maioria, 41,9%, a alteração não impacta na sensação de segurança.
A pesquisa apresenta uma margem de erro de dois pontos percentuais, para mais ou para menos, com um nível de confiança de 95%.