Imagem: Jorge William | Agência O Globo
O PT pediu nesta quinta-feira (18) ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para declarar o candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro, inelegível por oito anos.
O pedido foi apresentado em razão de reportagem do jornal “Folha de S.Paulo” que relata casos de empresas apoiadoras de Bolsonaro que supostamente compraram pacotes de disparo de mensagens contra o PT por meio do WhatsApp. Bolsonaro nega irregularidades.
Segundo o jornal, as empresas apoiadoras de Bolsonaro compram um serviço chamado “disparo em massa” usando a base de usuários do candidato do PSL ou bases vendidas por agências de estratégia digital.
“A sistematização das fake news, ao que se aponta, parece estar claramente voltada ao favorecimento dos noticiados, o que faz surgir a preocupação acerca da autoria e responsabilidade de quem está produzindo tais materiais”, afirmou o partido na ação.
Além da inelegibilidade de Bolsonaro, a coligação encabeçada pelo PT também pede a quebra dos sigilos bancário, telefônico e telemático das empresas e dos empresários mencionados na reportagem.
O QUE ARGUMENTA O PT?
Para o PT, a conduta dos empresários configura propaganda eleitoral ilegal a favor de Bolsonaro e se enquadra no crime de abuso de poder econômico por parte da campanha. Na prática, argumenta a legenda, os fatos relatados pelo jornal nesta quinta-feira demonstram doação de pessoa jurídica, proibida pelo Supremo Tribunal Federal.
O PT também argumentou ao TSE que o caráter eleitoral dos fatos narrados é “evidente” e demonstra “potencial suficiente a comprometer o equilíbrio do pleito eleitoral de 2018”.
Ainda no pedido ao TSE, o PT argumenta ser “notório” que a campanha de Bolsonaro se aproveita de “mentiras” disseminadas nas redes sociais, principalmente porque os principais alvos do conteúdo falso são os candidatos da coligação de Haddad.
BOLSONARO E PSL CONTESTAM
Antes, pelo Twitter, Bolsonaro afirmou: “Apoio voluntário é algo que o PT desconhece e não aceita. Sempre fizeram política comprando consciências. Um dos ex-filiados de seu partido de apoio, o PSOL, tentou nos assassinar. Somos a ameaça aos maiores corruptos da história do Brasil. Juntos resgataremos nosso país!”
Segundo ele, o PT não está sendo prejudicado por fake news, mas pela “verdade”.
Ao site Antagonista, Bolsonaro disse não ter controle sobre o que empresários apoiadores dele fazem.
“Eu não tenho controle se tem empresário simpático a mim fazendo isso. Eu sei que fere a legislação. Mas eu não tenho controle, não tenho como saber e tomar providência. Pode ser gente até ligada à esquerda que diz que está comigo para tentar complicar a minha vida me denunciando por abuso de poder econômico”, declarou Bolsonaro.
“Roubaram o dinheiro da população, foram presos, afrontaram a justiça, desrespeitaram as famílias e mergulharam o país na violência e no caos. Os brasileiros sentiram tudo isso na pele, não tem mais como enganá-los!”, escreveu.
O presidente do PSL, partido de Bolsonaro, Gustavo Bebianno, negou qualquer iniciativa do gênero, isentou a legenda e disse que o candidato do PT, Fernando Haddad, terá que provar a acusação. De acordo com Bebianno, a história é “ridícula”. “Não faz parte de nossa política. Nunca fizemos qualquer tipo de impulsionamento. Nossa campanha é orgânica. Voluntários do Brasil inteiro”.
Gustavo Bebianno disse ser impossível controlar as mensagens diretas. “Impossível você controlar o uso que as pessoas fazem de suas redes sociais”, declarou.
Segundo ele, o PSL gastou R$ 600 mil na campanha eleitoral, arrecadados através de plataformas digitais. E que não tem qualquer controle sobre o que as pessoas publicam nas redes sociais.
“Certamente, ele será processado. O senhor Haddad está absolutamente desesperado porque vai perder a eleição. É uma facção criminosa travestida de partido político. Agora, o Partido dos Trabalhadores falar em mentira, fake news, falar em compra, gastando milhões para manipular a opinião pública. Quem sempre fez isso foi o PT.”