A Polícia Civil de Minas Gerais tornou pública nesta quarta-feira (4) as conclusões de sua investigação sobre o trágico acidente aéreo que resultou na morte da cantora Marília Mendonça e outras quatro pessoas em 2021, na região Leste de Minas Gerais. De acordo com as autoridades policiais, a responsabilidade pelo acidente recai sobre a tripulação da aeronave. O caso foi enquadrado como homicídio culposo triplamente qualificado, mas foi sugerido o arquivamento do processo devido ao falecimento dos tripulantes.
O delegado Ivan Lopes, encarregado da investigação, fez questão de externar que uma série de hipóteses foram descartadas, incluindo a possibilidade de mal súbito dos pilotos, falha mecânica ou até mesmo um atentado. Em vez disso, a investigação apontou para negligência por parte dos pilotos, que não seguiram os procedimentos de pré-análise do local.
Em maio deste ano, o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) eliminou falha mecânica e concluiu que uma “avaliação inadequada” por parte do piloto contribuiu para o acidente. O relatório do Cenipa mostrou que os cabos de alta tensão estavam abaixo da linha de visão dos pilotos, uma vez que sua atenção estava voltada para a pista de pouso. Adicionalmente, os equipamentos de energia se confundiam com a vegetação circundante, tornando difícil sua identificação a grandes distâncias.
Embora as investigações tenham demonstrado que não havia necessidade de sinalização na estrutura dos cabos devido à sua localização fora da zona de proteção do aeródromo e das superfícies de aproximação ou decolagem, a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) decidiu instalar uma esfera de sinalização no cabo de uma torre de distribuição, seguindo uma recomendação excepcional do Cenipa e do Comando Aéreo. A Cemig reconheceu que tal recomendação não tinha base legal ou técnica, mas optou por acatá-la.
O acidente ocorreu em 5 de novembro de 2021, quando a aeronave que transportava a equipe de Marília Mendonça caiu em Piedade de Caratinga. O avião estava regularizado e autorizado para operar como táxi aéreo. A decolagem ocorreu no Aeródromo Santa Genoveva, em Goiânia (GO), com destino à cidade de Caratinga, onde a cantora se apresentaria naquela noite. Além de Marília Mendonça, perderam a vida o piloto Geraldo Medeiros, o copiloto Tarciso Viana, o produtor Henrique Ribeiro e o tio e assessor da cantora, Abicieli Silveira Dias Filho. Todos foram vítimas de politraumatismo, conforme informações da Polícia Civil.