A Polícia Federal (PF) deflagrou hoje (3), no interior paulista, uma operação para investigar esquema de fraude no Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies) e venda de vagas em universidades.
Também estão sob suspeita a concessão de bolsas do Prouni, a transferência de alunos do exterior para curso de medicina em Fernandópolis e fraudes relacionadas a cursos de complementação do exame Revalida.
Foram expedidos 77 mandados judiciais nas cidades paulistas de Jales, Fernandópolis, São Paulo, São José do Rio Preto, Santos, Presidente Prudente, São Bernardo do Campo, Porto Feliz, Meridiano, Murutinga do Sul, São João das Duas Pontes e Água Boa no Mato Grosso. Foram determinadas 11 prisões preventivas, 11 prisões temporárias, 45 ordens de busca e apreensão e 10 medidas cautelares, além do bloqueio de bens e valores dos investigados em até R$ 250 milhões.
A Operação Vagatomia teve início após informações de que havia irregularidades em um curso de medicina em Fernandópolis, com a negociação de até R$ 120 mil pagos por aluno para o ingresso, transferência e financiamento do Fies.
Após oito meses, as investigações indicaram que o líder da organização é o dono da universidade.
Seu filho, sócio na instituição, também tinha ligação com o esquema, segundo a PF.
De acordo com a polícia, muitos dos alunos que compraram vagas ou conseguiram financiamentos já foram identificados, e entre eles estão filhos de fazendeiros, servidores públicos, políticos, empresários e amigos dos donos da universidade, todos com alto poder aquisitivo, que mesmo sem perfil de beneficiários do FIES, mediante fraude, tiveram acesso aos recursos do governo federal.
“Com o incremento desordenado de alunos de medicina no campus em Fernandópolis, a qualidade dos estudos foi prejudicada e alunos que ingressaram de forma regular procuraram o Ministério Público Federal para denunciar as irregularidades. No decorrer das investigações, foram identificadas ameaças, proferidas pelo dono da universidade aos alunos que fizeram as denúncias, além de tentativas de influenciar e intimidar autoridades, com destruição e ocultação de provas, dentre outras ilegalidades”, informou a PF em nota .
Prisão
Os dono da universidade e seu sócio tiveram a prisão decretada, assim como diretores e funcionários das unidades onde as fraudes ocorriam.
As investigações mostraram que eles estavam investindo o dinheiro, obtido por meio irregular, em imóveis urbanos e rurais, no Brasil e no exterior.
Também compraram aeronaves – helicóptero, jatinho e avião – e dezenas de veículos de luxo, enquanto o campus sofria com falta de recursos.
“Os alunos e pais, que aceitaram pagar pela vaga ou financiamentos públicos, também responderão pelos crimes, em investigação, na medida de suas culpabilidades. Nova investigação será iniciada imediatamente pela Polícia Federal, objetivando identificar todos os pais e alunos que concordaram em pagar pelas fraudes praticadas pela organização criminosa e, portanto, também praticaram crimes”, disse a PF.
Os presos foram indiciados por crimes de organização criminosa, falsidade ideológica, inserção de dados falsos em sistemas de informações e estelionato majorado.
As penas somadas podem chegar a 30 anos de reclusão.