A Polícia Federal (PF) indiciou o deputado federal André Janones (Avante-MG) nesta quinta-feira (12) por suspeita de envolvimento nos crimes de corrupção passiva, peculato e associação criminosa relacionados ao esquema das “rachadinhas”.
De acordo com um relatório enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), a PF aponta que Janones, que foi um dos principais nomes da campanha digital de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2022, teria recebido parte dos salários de dois de seus assessores, que também foram indiciados.
Em um dos episódios citados pela corporação, a devolução teria ocorrido por meio do uso de um cartão de crédito cujo pagamento era feito a partir da conta de um desses assessores. Também houve saques em dinheiro vivo.
O relatório da PF afirma que André Janones era o “ponto central” do esquema criminoso, detalhando as irregularidades em todas as suas fases, desde a concepção até sua execução.
O caso ganhou repercussão depois que o site Metrópoles divulgou um áudio de 2019, no qual Janones informava seus assessores que precisariam devolver parte dos salários para ajudá-lo a recuperar seu patrimônio perdido após sua candidatura frustrada em 2016.
Posteriormente, dois ex-assessores confirmaram que o parlamentar implementou o esquema de “rachadinha” em seu gabinete. Janones, no entanto, escapou da cassação graças a um parecer de Guilherme Boulos (PSOL-SP), que recomendou o arquivamento no Conselho de Ética, argumentando que o caso estaria relacionado ao mandato anterior.
O relatório da PF enviado ao STF também revelou que um dos métodos utilizados por Janones para receber os valores dos assessores foi o uso de um cartão de crédito adicional vinculado a um deles. O total das faturas pagas com o cartão teria superado R$ 1 milhão em quatro anos, valor superior à remuneração oficial do assessor. Outro assessor envolvido costumava sacar dinheiro vivo logo após o recebimento do salário.
A investigação também apontou que Janones solicitou à Câmara o reembolso de despesas de viagem que, na verdade, teriam sido pagas pelo cartão de crédito do assessor, gerando um duplo benefício ilícito. Além disso, foi identificado um aumento patrimonial incompatível com os rendimentos do parlamentar em 2019 e 2020, com variações de R$ 64 mil e R$ 86 mil, respectivamente.
O Conexão Política tenta contato com a assessoria de Janones para pedir um posicionamento e aguarda retorno.