Nesta sexta-feira (14), o ministro Paulo Guedes (Economia) criticou as mudanças feitas na Câmara dos Deputados no projeto que visa reformular a Previdência.
Guedes atribuiu as modificações à “pressões corporativas” ao “lobby dos servidores do Legislativo”.
“Eu acho que houve um recuo que pode abortar a nova Previdência. O recuo é que pelo menos pressões corporativistas e de servidores do Legislativo forçaram o relator a abrir de R$ 30 bilhões para os servidores do Legislativo que já são favorecidos no sistema normal, então recuaram na regra de transição. E como isso ia ficar feio, recuar só nos servidores, estenderam também para o regime geral”, disse.
O ministro também declarou:
“Eu esperava que cortassem o BPC e o Rural, daí ficava 1 trilhão [de economia em 10 anos]. Porque com R$ 1 trilhão, eu alertei várias vezes, nós conseguimos lançar a Nova Previdência, que é o compromisso com as futuras gerações. Mas aí, na verdade, cortaram R$ 350 bilhões [da proposta original]”.
Guedes não comentou sobre todas as alterações feitas pelo Legislativo na proposta, mas destacou que “preferimos que estados e municípios fossem incluídos, isso é importante porque eles estão fragilizados financeiramente”.
“Eu não vou criticar, eu estou esclarecendo e vou respeitar a decisão do Congresso. Agora, é importante que os deputados, que o relator, se aprovar a reforma do relator, que são R$ 860 bilhões de cortes, [digam que] abortaram a nova Previdência. Mostraram que não há compromisso com as futuras gerações. O compromisso com os servidores públicos do Legislativo parece maior do que das futuras gerações”.
O ministro foi enfático ao afirmar que se a proposta for aprovada com as alterações sugeridas pelo relator do PSDB, “daqui 5 ou 6 anos tem outra reforma”.
“O que o relator está dizendo é ‘abortamos a nova Previdência’ e gostamos mesmo é da velha Previdência. Cedemos ao lobby dos servidores públicos que eram, justamente, os privilegiados”, disparou.