O MPE-RJ (Ministério Público Estadual do Rio de Janeiro) afirmou ter indícios de que o senador Flávio Bolsonaro, juntamente com sua mulher Fernanda, pagaram em dinheiro vivo de forma ilegal R$ 638,4 mil na compra de dois imóveis em Copabacana, na zona sul do Rio.
Segundo os promotores, o uso dos recursos em espécie tinha como objetivo lavar o dinheiro obtido por meio da “rachadinha” no gabinete de Flávio, quando este era deputado estadual na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro).
A informação conta do pedido de busca e apreensão de 111 páginas encaminhado à Justiça pelos representantes ministeriais.
A suspeita da promotoria advém do fato de Glenn Dillard, responsável pela venda dos imóveis a Flávio e Fernanda, ter depositado ao mesmo tempo em sua conta os cheques entregues pelo casal e a quantia em dinheiro vivo.
Nesta última quarta-feira (18), agentes do Ministério Público deflagaram uma operação e cumpriram 24 mandados de busca e apreensão.
Entre os supostos crimes, estão as tipificações de peculato, lavagem de dinheiro, ocultação de patrimônio e organização criminosa.
OUTRO LADO
O advogado de Flávio, Frederick Wassef, afirmou que recebeu a informação sobre a operação “com tranquilidade”.
O senador ainda não comentou especificamente sobre a transação citada nesta matéria.
INCONSISTÊNCIAS
Os pedidos do Ministério Público possuem algumas inconsistências que não foram esclarecidas pelos membros da operação.
Pessoas que não foram nomeadas por Flávio – Existem três casos de pessoas sem qualquer vínculo político com Flávio e que foram alvo de quebra de sigilo. Todos eram funcionários comissionados no gabinete da liderança do PSL na Alerj e foram demitidas pelo próprio senador.
Vencimentos de Fabrício Queiroz – O MP equivoca-se ao comparar gastos com remunerações de Fabrício Queiroz. Os promotores consideram apenas o salário da Alerj e ignoram a remuneração que ele recebe da Polícia Militar.
Saques – Existe um erro na indicação do volume de saques feitos por Queiroz em dois dos três períodos apontados pela operação.
Laranja potencial – Os representantes do MP atribuem ao gabinete de Flávio uma servidora da TV Alerj que acumulava cargo com outro emprego externo.
Patrimônio – O MP equivoca-se ao falar sobre um negócio que Flávio adquiriu (um imóvel que envolve 12 salas comerciais). A promotoria fala que a compra foi feita por R$ 2,6 milhões, quando, na verdade, o parlamentar apenas deteve os direitos sobre os imóveis, que ainda não estavam quitados e continuaram sendo pagos em prestações mensais por outra empresa que assumiu a dívida.