Até agora, a indicação era que pacientes com sintomas leves ficassem em quarentena domiciliar e evitassem procurar os serviços de saúde. A medida tinha o objetivo tanto de evitar que as pessoas, no caso de não terem a doença, aumentarem o risco de contraí-la, quanto para não piorar a superlotação de locais de atendimento, especialmente nos serviços públicos de saúde.
“Decidimos, o ministro [general Eduardo Pazuello] e eu, defendermos o tratamento precoce. Está contaminado passa a ter tratamento imediato e os membros passam a receber o tratamento profilático, porque invariavelmente vão ser contaminados por viverem no mesmo ambiente”, disse Wizard em entrevista à Reuters nesta quarta-feira (3).
Wizard, que não teve ainda sua nomeação publicada no Diário Oficial, confirmou o convite feito pelo ministro interino Pazuello para assumir a secretaria e disse que sua nomeação deve sair ainda esta semana, mas que já vem trabalhando há algum tempo como conselheiro no ministério.
O novo secretário explica que essa determinação vem da necessidade de evitar que os casos da doença se agravem.
“O antigo ministro dava orientação para ficar em casa. Acontecia que a pessoa ficava em casa, não recebia tratamento, passava para a fase 2, a fase 3, quase morrendo buscava atendimento médico, era entubada, ia para UTI… É lamentável que tenhamos perdido milhares de vida por esse protocolo”, afirmou.
Pazuello assumiu como interino no mês passado no lugar de Nelson Teich, que deixou o cargo menos de um mês após substituir Luiz Henrique Mandetta, por sua vez demitido em abril pelo presidente Jair Bolsonaro por divergências sobre a forma de combater a pandemia.
Sem um medicamento específico para a Covid-19, explica Wizard, o paciente receberá um tratamento de acordo com a decisão do médico, ao avaliar as condições de saúde da pessoa.
No mês passado, o Ministério da Saúde publicou um protocolo que recomenda aos médicos o uso da hidroxicloroquina também em casos leves da Covid-19, ampliando a recomendação que antes era apenas para casos graves.
A inspiração para a mudança nas orientações sobre o tratamento veio, segundo Wizard, de um conselho consultivo que tem, entre seus membros, a oncologista Nise Yamaguchi, que desenvolveu um protocolo de uso de hidroxicloroquina combinada com azitromicina para tratar casos iniciais da Covid-19, e o médico Antônio Cássio Prado, prefeito da cidade de Porto Feliz (SP), que Wizard cita como um exemplo.
Na cidade, o prefeito passou a distribuir, em postos de saúde, um kit com medicamentos — entre eles, a hidroxicloroquina, azitromicina, um anticoagulante, anti-inflamatórios e medicamento para náusea. Segundo Prado, a pessoa pode pegar o kit para ter em casa ou quando começar a ter sintomas, para usá-lo durante cinco dias.