Milhares de mulheres e meninas norte-coreanas, tentando escapar da miséria em seu país, acabam caindo na indústria do sexo chinesa através do tráfico humanos, informou a fundação britânica Korea Future Initiative em uma extensa pesquisa publicada no mês passado.
Algumas vítimas são meninas com apenas 9 anos de idade. Elas são negociadas como escravas de bordéis, vendidas como noivas ou são forçadas a realizar atos sexuais pela ‘webcam’.
Não há um número oficial de quantas pessoas fogem do país comunista a cada ano. A Coreia do Sul informou que desde 1998, recebeu 32 mil refugiados norte-coreanos. Só no ano passado, foram 1.137 e 85% dos quais, eram mulheres. Os norte-coreanos também escapam pela China, que é um país vizinho.
“É muito mais fácil para as mulheres fugirem, porque geralmente elas não têm emprego em uma fábrica ou empresa estatal, onde sua ausência seria informada imediatamente. Elas são responsáveis pela casa e podem escapar sem serem notadas”, disse Yeo Sang Yoon, do Centro de Dados para os Direitos Humanos da Coreia do Norte à CNN.
Sexo cibernético
As mulheres geralmente pagam contrabandistas humanos em torno de 500 a 1000 dólares para levá-las com segurança, através da fronteira com a China. Os traficantes prometem a estas mulheres trabalho em um restaurante, mas uma vez em território chinês o engano é descoberto.
Lee Yumi, junto com outras 8 jovens, foi vendida por alguns milhares de dólares para um dono de uma sala de bate-papo de cibersexo. “Fiquei tão chateada quando descobri isso e perguntei se poderia ir embora, mas o chefe disse que pagou muito dinheiro por mim, então fiquei em dívida com ele”, disse Lee à CNN.
Lee permaneceu presa por 7 anos, e tinha que fazer pela webcam tudo o que os clientes da sala de bate-papo lhe pediam. Escapar não era uma opção, ela ficou presa em um apartamento com mais 2 mulheres. As 3 mulheres eram constantemente vigiadas por um homem que dormia na sala de estar. A porta da frente estava sempre trancada. Uma vez a cada 6 meses, o homem as levava para passear em um parque.
“Pensei mil vezes em morrer, mas o suicídio não era possível porque eu estava sempre sendo vigiada”, disse Lee à CNN.
Liberdade
No ano passado, Lee conseguiu escapar com a ajuda de um de seus clientes, um sul-coreano que reconheceu o sotaque norte-coreano da jovem. Ele contatou um pastor evangélico, que organizou uma rota de fuga. Lee conseguiu se refugiar na Coréia do Sul, onde está sendo cuidada. Ela nunca ousara sonhar com essa liberdade.
Apesar de desumana, a história de Lee Yumi é comum. A Korea Future Initiative calcula que por ano, cerca de 119 milhões de dólares (463 milhões de reais) estão envolvidos na indústria norte-coreana de escravas sexuais. Além disso, a organização acredita que a China não está se esforçando para combater o tráfico humano, e nem libertar e proteger as vítimas deste.
Êxodo
No final da década de 90 e início dos anos 2000, ocorreu um grande êxodo da população norte-coreana.
Até 1998, menos de mil norte-coreanos haviam buscado refúgio no país vizinho, a Coreia do Sul. Um número mínimo consegue fugir, pois o regime socialista ditatorial fechado do país torna a fuga quase impossível.
Socialismo
Cerca de 25 milhões de pessoas vivem na Coreia do Norte e têm interações mínimas com o mundo exterior. A mídia internacional é proibida, o turismo no país é estritamente controlado e a internet é limitada para alguns cidadãos da elite.
O regime socialista e suas políticas econômicas têm agravando a pobreza do país. Cerca de 40% dos cidadãos são desnutridos. O povo norte-coreano passou a consumir apenas 300 gramas de comida por dia. Isso é metade do que eles recebiam anteriormente, informou a agência de notícias Reuters.
As Nações Unidas já calcularam que mais de 10 milhões de norte-coreanos precisam de ajuda alimentar.
Perseguição de Cristãos
A Coreia do Norte está em primeiro lugar na Lista Mundial da Perseguição desde 2002.
Conforme a organização Portas Abertas, há cerca de 300 mil cristãos no país, sendo que quase 25% deles (cerca de 70 mil) estão em campos de trabalhos forçados, onde enfrentam tortura e um tratamento desumano unicamente por causa da fé.
Os cristãos são vistos como “perigosos” para o regime socialista norte-coreano. Este regime autoritário mais sufocante do mundo, defende que qualquer fé não colocada no líder supremo, Kim Jong-un, é considerado um crime político.
De acordo com um relatório do Departamento de Estado dos Estados Unidos, em 2017 houve mais de 1.300 violações à liberdade religiosa na Coreia do Norte. Além disso, estima-se que os campos de trabalhos forçados abriguem mais de 120 mil prisioneiros políticos.
Documentário
Neste documentário abaixo, sobreviventes norte-coreanos relatam suas perigosas fugas do regime socialista mais fechado do mundo.
https://www.youtube.com/watch?time_continue=267&v=m1nRZJbw770
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