O grupo Médicos pela Vida, que recentemente publicou um manifesto em defesa da continuidade dos estudos e do uso do tratamento precoce contra a Covid-19, emitiu uma nota nesta terça-feira (1º) em repúdio à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid e em defesa da médica Nise Yamaguchi.
A oncologista e imunologista participou da audiência de ontem na comissão. Nise estava na condição de convidada, mas teve a sua fala interrompida várias vezes pelos senadores. Houve ataques inflamados contra a profissional de Saúde e críticas diretas a opiniões respaldadas pelo Conselho Federal de Medicina (CFM).
Em determinado trecho da nota, os médicos sustentam que “a Dra. Nise Yamaguchi tem sido boicotada o tempo todo na sessão, através de interrupções constantes nas suas respostas, sendo impedida, desta maneira, de pontuar objetivamente as perguntas, explicar detalhadamente as ações e os tratamentos contra a Covid-19”.
Segundo os médicos, houve uma “ação aparentemente orquestrada por alguns senadores, sem precedentes. Maneira bem diferente daquela direcionada a determinados depoentes, tratados como ‘damas’. Aliás, não é a primeira vez que uma ‘Mulher Médica’ é tratada de forma imprópria nesta CPI”, escreveram.
No documento, o nome de Mayra Pinheiro, secretária de Gestão do Trabalho e de Educação na Saúde do Ministério da Saúde, também foi mencionado.
Nise e Mayra defendem o chamado ‘tratamento precoce’, que inclui o uso de uma combinação medicamentos na fase inicial da Covid-19.
Ainda sobre o tema, vale frisar que Conselho Federal de Medicina (CFM) se recusou a proibir o uso desses remédios e condenou a politização do assunto.
Além disso, entidades médicas reprovaram uma nota da Associação Médica Brasileira (AMB), que pedia o banimento do tratamento precoce no país.
Leia a nota na íntegra:
Médicos Pela Vida repudiam veementemente a postura de vários Senadores no depoimento prestado pela Dra. Nise Yamaguchi à CPI da Pandemia, no Senado Federal. Apesar da dedicação, da disposição em contribuir com a comissão e enriquecer o debate neste período de busca por soluções e o combate à Covid-19, têm demonstrado, no mínimo, total falta de respeito à Dra. Nise Yamaguchi, à sua trajetória de 40 anos dedicados à saúde e à ciência, em defesa da vida. Uma atuação reconhecida mundialmente e que foi desconsiderada pela CPI.
A Dra. Nise Yamaguchi tem sido boicotada o tempo todo na sessão, através de interrupções constantes nas suas respostas, sendo impedida, desta maneira, de pontuar objetivamente as perguntas, explicar detalhadamente as ações e os tratamentos contra a Covid-19. Uma ação aparentemente orquestrada por alguns Senadores, sem precedentes. Maneira bem diferente daquela direcionada a determinados depoentes, tratados como “damas”. Aliás, não é a primeira vez que uma “Mulher Médica” é tratada de forma imprópria nesta CPI. Uma conduta seletivamente negativa, mirando não o bem do país, mas um resultado previamente programado.
Mais uma vez, Senadores, totalmente despreparados e com objetivos eminentemente partidários e eleitoreiros, perdem uma grande oportunidade de produzir ao Brasil e aos brasileiros, perspectivas efetivas de políticas públicas para a reversão do quadro da Pandemia no País.
A atitude de membros da CPI da Pandemia extrapolou todos os limites, desonra o Poder Legislativo e afronta a classe médica, que tem se dedicado exaustivamente para a reversão do quadro caótico que estamos vivendo no Brasil. Profissionais que se arriscam, estão na linha de frente, que se expõem na luta pelo bem-estar da população e não aceitam posturas inaceitáveis de políticos eleitos para representar e defender o povo brasileiro.
A Dra. Nise participa da CPI como convidada, mas foi tratada como testemunha. E está sendo atacada, ao invés de aproveitada, desconsiderando-se a sua brilhante carreira, as contribuições ao país e à ciência, independentemente de qual governo estivesse à frente como ela mesmo relatou. Isso mostra o risco da politização da medicina, que precisa manter os debates das questões médicas em ambiente técnico e jamais suprimir um lado, mesmo que esse contrarie interesses políticos.
01-06-2021
MPV – Médicos Pela Vida Covid-19