A força-tarefa Lava Jato do Ministério Público Federal (MPF) no Paraná denunciou, nesta quarta-feira (4), o ex-chefe de gabinete da Presidência da Petrobras Armando Tripodi, pela prática dos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro entre 2011 e 2013.
Segundo apurado, Tripodi solicitou ao então representante do grupo Keppel Fels, Zwi Skornicki, propinas em troca da viabilização de melhor acesso e contato com o presidente da Petrobras na época, Sérgio Gabrielli. A vantagem indevida foi de fato paga mediante o custeio de aparelhagem de som e serviço de automação para a residência do denunciado, em montante de R$ 90 mil.
A partir de diversas provas documentais obtidas no curso da investigação, como e-mails, registros de ligações telefônicas e de reuniões entre os envolvidos, verificou-se que, de fato, Skornicki efetuou o pagamento dos serviços de som e automação contratados pelo ex-chefe de gabinete da Presidência da Petrobras perante a empresa Prattis.
Foram anexados à denúncia diversos e-mails (intitulados “serviços Armando Tripodi”), trocados entre os funcionários da empresa de automação e o representante do Keppel Fels, nos quais são expressamente consignadas as informações de que os pagamentos cobrados se referiam aos serviços realizados pela empresa a Tripodi. Além disso, foi ainda apreendido na residência do denunciado um dos orçamentos realizados pela Prattis relativos a serviços realizados em sua residência. Em tal documento constou a indicação de Tripodi como cliente, com o encaminhamento do orçamento aos cuidados de Skornicki.
Segundo Laura Gonçalves Tessler, procuradora da República e integrante da força-tarefa Lava Jato, “a denúncia revela a ousadia e a elevada crença na impunidade por parte do funcionário público denunciado: as provas apontam que solicitou e de fato recebeu subornos mediante o custeio de bens e a prestação de serviços em sua própria residência”.
Skornicki, que celebrou acordo de colaboração premiada com o MPF, reconheceu tanto o acerto das propinas quanto a concretização dos pagamentos ilícitos em favor do ex-chefe de gabinete.
Tripodi já é réu na operação Lava Jato na Ação Penal nº 5059586-50.2018.4.04.7000, pela prática dos crimes de corrupção passiva, crimes contra o sistema financeiro (gestão fraudulenta e desvio de recursos de instituição financeira), lavagem de dinheiro e organização criminosa, envolvendo a construção da Torre Pituba, edifício em Salvador que seria posteriormente alugado para a Petrobras.
“Trata-se de mais um caso em que multinacional se valeu de intermediário para corromper funcionário público no Brasil. Dessa vez a propina foi paga mediante o custeio de bens de luxo de ex-chefe de gabinete da maior estatal brasileira, a Petrobras”, finalizou o procurador da República, Roberson Pozzobon.
Com informações, MPF no Paraná.