O mandado de prisão preventiva foi expedido pela juíza Andrea Calado da Cruz, da 12ª Vara Criminal do Recife. A decisão ocorreu após o Ministério Público devolver o inquérito à Polícia Civil, solicitando novas diligências e recomendando a manutenção das prisões preventivas.
Conforme o documento ao qual o Conexão Política teve acesso, a juíza considerou que não havia medidas cautelares alternativas capazes de garantir a ordem pública, justificando assim a prisão de Gusttavo Lima.
“É imperioso destacar que Nivaldo Batista Lima [nome verdadeiro de Gusttavo Lima], ao dar guarida a foragidos, demonstra uma alarmante falta de consideração pela Justiça. Sua intensa relação financeira com esses indivíduos, que inclui movimentações suspeitas, levanta sérias questões sobre sua própria participação em atividades criminosas. A conexão de sua empresa com a rede de lavagem de dinheiro sugere um comprometimento que não pode ser ignorado”, escreveu a juíza, entre outros pontos.
A magistrada sustenta ainda que, ao retornar de uma viagem à Grécia, uma aeronave que transportou Gusttavo Lima e outros dois investigados — José André da Rocha Neto, dono da casa de apostas VaideBet, e sua esposa Aislla Rocha —, pode ter deixado os dois investigados no exterior.
“Na ida, a aeronave transportou Nivaldo Lima e o casal de investigados, seguindo o trajeto Goiânia – Atenas – Kavala. No retorno, o percurso foi Kavala – Atenas – Ilhas Canárias – Goiânia, o que sugere que José André e Aislla possam ter desembarcado na Grécia ou nas Ilhas Canárias, na Espanha. Esses indícios reforçam a gravidade da situação e a necessidade de uma investigação minuciosa, evidenciando que a conivência de Nivaldo Batista Lima com foragidos não apenas compromete a integridade do sistema judicial, mas também perpetua a impunidade em um contexto de grave criminalidade”, emenda a magistrada.
A cronologia do caso envolve a prisão de Deolane Bezerra em 4 de setembro, no âmbito da mesma operação, que visa desmantelar uma quadrilha responsável pela movimentação de cerca de R$ 3 bilhões em um esquema de lavagem de dinheiro envolvendo jogos de azar. Bezerra havia lançado, em julho deste ano, a empresa de apostas Zeroumbet, com um capital inicial de R$ 30 milhões.
Desde então, a Justiça bloqueou R$ 20 milhões de Deolane e R$ 14 milhões da Zeroumbet. Entre outros alvos da operação, o empresário Darwin Henrique da Silva Filho, proprietário da Esportes da Sorte, e sua esposa Maria Eduarda Filizola também foram presos.
Deolane, em depoimento, admitiu ter comprado um Lamborghini Urus S por R$ 3,85 milhões de Darwin, o que levantou suspeitas de lavagem de dinheiro, especialmente devido à movimentação de valores altos na compra e venda de veículos de luxo.