O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) resolveu alfinetar o jornalista Diogo Mainardi, do site O Antagonista.
Mainardi divulgou, na manhã de hoje (12), uma notícia dizendo que o presidente Jair Bolsonaro não gostou da atitude do senador Jorge Kajuru (Cidadania-GO) de vazar áudios de uma conversa que ocorreu entre ambos.
Na ocasião, o chefe do Executivo defendeu a inclusão de governadores e prefeitos na CPI da Pandemia.
Após o post de Mainardi, Eduardo Bolsonaro respondeu com o seguinte comentário:
“Já devolveu os R$ 8 milhões dos meus tributos pagos em SP?”, escreveu o parlamentar.
O jornalista não tinha respondido até o fechamento desta matéria.
A menção de Eduardo refere-se ao caso ‘Manhattan Connection’, que na semana passada tornou-se o assunto mais comentado do Twitter após o programa de televisão fechar contrato com a TV cultura.
O documento compartilhado por centenas de internautas sugeria que a atração teria recebido R$ 8 milhões para licenciamento pelos próximos 5 anos.
O suposto extrato de contratação teria sido emitido pela Fundação Padre Anchieta, entidade instituída pelo Governo do Estado de São Paulo em 1969, que é mantida por dotações orçamentárias do Estado e recursos próprios obtidos na iniciativa privada.
O site O Antagonista também passou a ser acusado de ser beneficiado pelo montante, uma vez que o jornalista Diego Mainardi, que faz parte da equipe do portal, foi apontado como alguém que teria ligações diretas com a Blend Negócios, Divulgação e Editoração Ltda., empresa que consta como licenciada.
Outra suposta informação que passou a circular na internet aponta que a Blend teria sido criada apenas um dia antes da concretização do negócio entre as duas partes, em 28 de dezembro de 2020. O acordo com a Fundação Padre Anchieta teria sido assinado em 29 de dezembro.
O Antagonista negou as acusações
Conforme já registrou o Conexão Política, Diego Mainardi usou a plataforma de O Antagonista para emitir algumas linhas textuais sobre o ocorrido.
No portal, ele disse que o vereador Carlos Bolsonaro insinuou que o portal recebeu oito milhões de reais para atacar o presidente Jair Bolsonaro, pai do parlamentar.
Porém, segundo Diego Mainardi, “o Manhattan Connection é 100% financiado por patrocinadores privados. Esses patrocinadores, todos eles captados pela Blend, depositam o dinheiro do patrocínio na TV Cultura, que repassa uma parte para a Blend, conforme estabelecido no contrato de parceria entre as duas empresas. A TV Cultura, portanto, só ganha com isso. Se os patrocinadores privados desistissem de anunciar no programa, ele acabaria no dia seguinte, porque a TV Cultura não é responsável por seu financiamento, nem pelo pagamento dos salários de seus apresentadores. A propósito, nenhum apresentador do Manhattan Connection é sócio da Blend.”
Mainardi pontuou que O Antagonista não tem nada a ver com o Manhattan Connection.
“O Antagonista, claro, não tem nada a ver com o Manhattan Connection, exceto por mim, que sou sócio do site e recebo um salário da Blend por meu trabalho no programa de TV, que iniciou em 2003. Na maioria das vezes, ignoro as tentativas dessa gentalha asquerosa de emporcalhar o trabalho do site; nesse caso, porém, o ataque envolve outras pessoas, de outras empresas, que não têm nada a ver com O Antagonista e não merecem ser jogadas no esgoto bolsonarista. Os milicianos digitais tiveram o mérito de arrumar um bom apelido para o programa – ‘Mamata Connection’. Apesar disso, a mentira continua sendo uma mentira. E a mamata deles vai terminar em 2022”, declarou o jornalista.
A TV Cultura também negou
A TV Cultura, por sua vez, negou qualquer pagamento no valor de R$ 8 milhões de reais à produtora do programa ‘Manhattan Connection‘.
Questionada pelo site Teleguiado, a direção da emissora afirmou que tudo não passa de ‘fake news‘ e garantiu que tomará “providências jurídicas para o restabelecimento da verdade”.
Leia a nota na íntegra, em itálico, que foi veiculada pelo Teleguiado:
Nota oficial da TV Cultura
Em decorrência de fake news envolvendo o programa Manhattan Connection, exibido pela TV Cultura, publicadas na manhã desta segunda-feira (5/4), a Fundação Padre Anchieta vem esclarecer que trata-se de contrato de parceria estabelecido entre Blend Negócios Divulgação e Editoração Ltda. e a FPA (TV Cultura), voltados para a produção e a exibição do programa Manhattan Connection.
A Blend Negócios Divulgação e Editoração Ltda. (Blend”), é empresa produtora independente, que detém os direitos de produção e de exploração de um produto audiovisual, destinado à exibição por televisão, com marca “Manhattan Connection”.
A Fundação Padre Anchieta é detentora do direito de exploração de emissora de radiodifusão por sons e imagens, que adota a denominação figurativa “TV Cultura”.
Pelo contrato de parceria, a Blend assume a total e integral responsabilidade e custos pela produção do programa “Manhattan Connection”, inclusive a remuneração de todos os seus participantes, entregando, semanalmente, um programa pronto e acabado, para exibição pela TV Cultura.
A remuneração da Blend para a disponibilização do conteúdo do programa ocorre exclusivamente pela participação no resultado financeiro mensal que for obtido com comercialização das quotas de patrocínio na exibição.
O extrato do contrato foi publicado no portal de transparência da TV Cultura e o montante nele indicado, de R$ 8.064.000,00 é uma estimativa, se o contrato vier a ser cumprido, em sua integralidade, e atingida a expectativa financeira, no período de cinco anos.
Trata-se de notícia tendenciosa que distorce e falseia os fatos, e que merecerá prontas providências jurídicas para o restabelecimento da verdade.
Opinião sobre o caso
Diante da repercussão acerca do presente caso, e considerando que as explicações trazidas pelas partes envolvidas ainda se mostram inconclusivas, faz-se necessário que os tais ‘patrocinadores privados’ do Manhattan Connection venham a público para pôr fim à polêmica em torno do financiamento da atração. A legislação brasileira garante que os sócios de um determinado projeto sejam mantidos na condição de anonimato, no entanto, pela própria natureza do modelo de negócio adotado pelo programa televisivo, em que a credibilidade não pode ser um critério à mercê da própria conveniência, revela-se pertinente que a problemática seja esclarecida sem que haja, por exemplo, a propositura de medidas investigativas, como já sugerem alguns deputados paulistas que planejam colher assinaturas para eventual instalação de uma CPI na Assembleia Legislativa de São Paulo (ALESP).