O Irã está furioso com os acordos de paz entre três nações islâmicas e a principal democracia do Oriente Médio, Israel, que estão sendo intermediados pelo governo do Presidente dos EUA, Donald Trump. O regime liderado por mulás vê a normalização das relações entre os Emirados Árabes Unidos, Bahrein, Sudão com Israel como uma ‘ameaça direta, pondo em risco sua hegemonia no Golfo Pérsico’, relatou o Middle East Media Research Institute (MEMRI).
É também um “duro golpe para a narrativa do Irã sobre a unidade islâmica e os valores islâmicos, e para as mensagens ideológicas do regime revolucionário islâmico no Irã, que afirma ser o porta-estandarte da defesa do Islã puro e correto”, disse o MEMRI.
O líder supremo iraniano, Ali Khamenei, escreveu no Twitter que as nações islâmicas “não tolerarão nenhuma normalização com o regime sionista”.
“Os americanos estão errados se pensam que podem resolver o problema da região dessa maneira”, disse ele.
O presidente iraniano, Hassan Rohani, durante uma reunião, atacou os Estados árabes do Golfo.
“Infelizmente, há países na região cujos cidadãos são muçulmanos praticantes e fiéis, [mas] cujos governantes não conhecem a religião, não acatam suas diretrizes e não as implementam, [incluindo] no que diz respeito ao povo palestino, que são irmãos e falam a língua deles”, disse Rohani. “Eles afirmam ser árabes.… Onde está sua identidade [árabe]? O que aconteceu com ela? [Os israelenses] estão cometendo mais e mais crimes na Palestina a cada dia. Como você pode apoiar Israel, que mais tarde [caminhará para] dar-lhe uma base nesta região? Todos os graves resultados [deste acordo] serão de suas responsabilidades. São vocês que estão violando as regras e [colocando em risco] a segurança desta região.”
O Governo Trump foi contra o precedente, contornando a questão palestina e abordando as nações árabes diretamente.
A Casa Branca disse que várias outras nações estão perto de fechar um acordo com Israel.
“Qualquer nação que siga o caminho dos Emirados Árabes Unidos, Bahrein e Sudão será vista como ‘culpada por cumplicidade ao inimigo’ Israel”, alertou o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas Iranianas, Mohammad Bagheri
Ele disse que “se os sionistas tiverem um ponto de apoio aqui, e se mesmo o menor dano for causado à nossa segurança e defesa nacional, veremos esses países como fornecendo bases para o inimigo e responderemos da maneira como responderíamos para qualquer inimigo”.
Ali Akbar Velayati, um conselheiro de Khamenei, disse que “os inimigos do Islã puro e dos hipócritas mais uma vez removeram a máscara de seus rostos e declararam maldosa- e enganosamente sua vergonha e traição em todo o mundo”.
“Os estrategistas americanos, que nos últimos anos experimentaram inúmeras e contínuas derrotas na arena internacional, e especialmente no Oriente Médio, não têm objetivo a não ser empregar propaganda para alcançar a normalização entre os autocratas da região [e Israel] como um serviço ao lobby sionista, a fim de ganhar os votos [dos sionistas] nas eleições presidenciais da América e salvar o primeiro-ministro do miserável regime sionista, cuja posição nos territórios ocupados [isto é, em Israel] é agora muito fraca”, disse ele Velayati.
Ele acusou as nações árabes que normalizam as relações com Israel de construir suas bases sobre “as promessas vazias do Grande Satã, a criminosa América”.
O ministro da Defesa iraniano, Amir Hatami, disse que qualquer “ameaça” será respondida “com uma resposta clara e direta”.
E Hossein Amir-Abdollahian, assessor especial do presidente do Parlamento Islâmico (Ali Larijani) do Irã para assuntos internacionais, disse: “Os Emirados Árabes Unidos, a Arábia Saudita e o Bahrein estão dando aos israelenses sionistas um ponto de apoio nas águas quentes do Golfo Pérsico. Eles devem saber que neste jogo perigoso, eles estão alimentando as chamas. A resposta da República Islâmica do Irã para preservar ao máximo sua segurança nacional e regional … mesmo que o menor dano seja causado à República Islâmica ou seus aliados na região, sua resposta não será apenas dirigida aos sionistas. Também será dirigida àqueles que deram ao regime sionista uma posição segura na região. As disposições políticas e de segurança na região não permitirão que os sionistas respirem aliviados. Esta é uma necessidade para a preservação máxima da segurança nacional do Irã …”
O Corpo de Guardas Revolucionários Islâmicos do Irã disse: “O carrasco-governante do Bahrein deve esperar a vingança amarga dos combatentes de [contra] Jerusalém, os lutadores da devota nação islâmica, contra seu país. O ato vergonhoso do [rei do Bahrein Hamad bin Isa] Aal Khalifa e de seu regime, que depende [da América], do estabelecimento de relações com o regime sionista, contra a vontade e as aspirações do povo muçulmano de [seu] país, é um ato de grande estupidez totalmente ilegítimo e que terá as respostas adequadas.”
O Corpo de Guardas Revolucionários Islâmicos do Irã, ameaçando com um efeito dominó, chamou Trump de “o Presidente americano odiado e estúpido”.