Uma propaganda genial do refrigerante Sprite, há algum tempo, dizia assim: “Imagem não é nada. Sede é tudo!”. O lance era provocar uma sedução através da metalinguagem. A proposta dessa propaganda era cativar o consumidor jovem com um discurso à primeira vista crítico à televisão e à publicidade, mas que possuía uma estratégia oculta e principal: trazer o real interesse através da diferenciação do produto. Este tipo de recurso é conhecido como metalinguagem. O comercial da Sprite usou recursos da desconstrução da linguagem na operação de filmes publicitários a partir de sua própria linguagem.
Esse princípio parece que reproduziu bem o que a cantora Karol Conká provocou durante sua participação no BBB 21. Eu, que não acompanho reality show, fui bombardeado de cenas dessa artista nas redes sociais, jornais e revistas. Nas imagens, ela profere diversas ofensas, expressões que extrapolaram os limites naturais ao ponto de despertar um alto nível de ira e raiva sobre o público que assistia. A ‘sede’ de vingança despertada no público que acompanha o reality show teve como base a raiva e a ira despertados em seus íntimos. Tomando como base ‘imagem não é nada. Sede é tudo‘, podemos admitir com toda convicção que o que há de mais verdadeiro e real nesse contexto são os sentimentos despertados nas pessoas, que ficaram enfurecidas com tudo o que receberam em suas mentes.
“Os telespectadores ficaram chocados, angustiados e com crise de ansiedade ao ver a atitude de Karol Conká no BBB”, disse a neuropsicanalista da USP Priscila Gasparini.
Pense sobre os efeitos dos sentimentos de raiva e ira que o público sentiu ao se depararem com pessoas como Karol, que foi taxada por vários setores midiáticos como racista, xenofóbica, tóxica, abusiva e preconceituosa. Para quem esse público irá descarregar tantos sentimentos negativos? Certamente, sobre quem a ‘grande mídia’ diz possuir todos esses adjetivos.
O meu ponto aqui não está em valorizar Karol, BBB e nem tampouco o que aconteceu. Não é dizer se ela certa ou errada, até porque não assisto esse programa e não me interessa o que ocorreu lá dentro. Porém, quero que possamos refletir sobre a questão da manipulação das emoções em massa. Não me refiro a uma manipulação no caso de Karol, pelo contrário, mas utilizo essa situação para ilustrar algo ainda mais profundo.
Se uma pessoa é convencida por aquilo que sente, então, não poderá dar uma resposta contrária ao que está sentindo. Ela não pode contradizer seus sentimentos. Quero exemplificar isso por meio da história de um personagem bíblico muitíssimo respeitado e conhecido: o rei Davi.
A bíblia relata que Davi praticou um ato de adultério com a mulher do seu comandante, e, ainda, providenciou que o tal militar fosse para o campo de batalha, na linha de frente, para que fosse morto pelo exército inimigo.
De manhã, Davi enviou uma carta a Joabe por meio de Urias. Nela escreveu: Ponha Urias na linha de frente e deixe-o onde o combate estiver mais violento, para que seja ferido e morra. (2 Samuel 11:14-15)
O que não compreendemos é como Deus se dispõe a perdoar nossos mais íntimos e terríveis pecados, mesmo havendo arrependimento. O mais incrível ainda é como Davi foi levado ao arrependimento.
Deus usou o profeta Natã para falar com Davi, que foi sábio e começou a contar-lhe a história de dois homens. Na ocasião, um era pobre e o outro era rico. O rico possuía várias ovelhas e bois, enquanto o pobre possuía apenas uma cordeirinha. Quando um viajante chegou à casa do rico, este não quis pegar uma das suas ovelhas e mandou tomar a cordeirinha do homem pobre, pois desejava preparar uma refeição para o viajante. O gesto foi, no mínimo, um ato de repugnância e injustiça.
Diante dessa estória, nasceu uma profunda ira no coração de Davi por aquele homem rico. Sua reação de condenação foi imediata. Mas, quando o profeta Natã disse quem era aquele homem, Davi já não podia contradizer seus sentimentos.
Então Davi encheu-se de ira contra o homem e disse a Natã: “Juro pelo nome do Senhor que o homem que fez isso merece a morte! Deverá pagar quatro vezes o preço da cordeira, porquanto agiu sem misericórdia”. Em resposta, Natã disse: “Você é esse homem, Davi!” (2 Samuel 12: 5-7).
O paralelo que Natã apresentou ao rei Davi atingiu seu coração de uma forma única. Davi sentiu o peso de suas ações ao refletir tamanho gesto de covardia. Apesar disso, Natã confortou o coração do salmista, trazendo a certeza do perdão de Deus.
Diante de tudo, devemos ter em mente que há duas coisas que não podemos ignorar:
1 – Cuide para que seu coração não seja manipulado, ao ponto de não contradizer o que foi levado a acreditar, os seus princípios e valores.
2 – Seja como for, deixe que o Espírito Santo conduza seu coração ao arrependimento, sem resistência diante do que Ele já o convenceu.
Deus te abençoe!
Ajude a evangelizar o mundo!