O grupo carioca Blabonga Cia Teatral, segundo o portal Diário do Rio, vai lançar a peça teatral “Precisamos matar o presidente”, do diretor e ator Davi Porto.
De acordo com o site, os organizadores do evento visam expandir um modelo de encenação virtual para apresentar ao público, a partir do dia 06 de março.
O conteúdo será transmitido online através da plataforma Doity.
Dessa vez, sob pretexto de manifestação artística e cultural, o grupo mira no atual governo, sob comando do presidente Jair Bolsonaro.
“O espetáculo assim como qualquer outra arte nasce de uma necessidade. Seja ela financeira, romântica ou existencial. A pandemia acabou unindo todas essas necessidades que juntas ultrapassaram toda a relutância que existia de levar o teatro para o mundo virtual. Somada a necessidade surgiu o descaso do governo atual, que ainda transformou cada artista em inimigo do estado”, disse o diretor da obra, Davi Porto, ao Diário do Rio.
E acrescentou:
“Eu acredito que na vida política tem muito aquela coisa de você repudiar as pessoas, de você discordar das pessoas. Isto é uma ordem natural, mas de repente tudo que restou foi o ódio. Entender esse ódio, esse sentimento e a relação com a vida dos artistas foi algo que me cativou. A ideia não é matar o presidente. A ideia não é matar ninguém. A ideia é transformar essa força, esse ódio, esse sentimento motriz em algo como o teatro.”
Reação
O secretário nacional de Fomento à Cultura do governo federal, André Porciúncula, usou as redes sociais para repudiar a peça teatral. Segundo ele, esse tipo de conteúdo tem sido promovido por ausência de dinheiro público, que em gestões anteriores eram disponibilizadas sem tanto rigor fiscal.
“Eis o tipo de ‘peça’ que uma elite militante doentia (agora desesperada com a perda do dinheiro público) promoveu na cultura nas últimas décadas. O resgate cultural será lento e trabalhoso, mas devolveremos a cultura a sanidade dos valores do homem comum”, declarou.
Lei de Segurança Nacional
A exposição da peça teatral ‘Precisamos Matar o Presidente’ deve reacender um debate ainda mais aprofundado sobre Lei de Segurança Nacional (LSN).
Recentemente, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), usou como base a LSN para ordenar a prisão de Daniel Silveira, deputado federal, detido no dia 16 deste mês após publicar um vídeo em que tece críticas e xingamentos aos integrantes da Corte. No conteúdo divulgado em suas redes sociais, o parlamentar disse que os onze ministros do Supremo deveriam ser destituídos do cargo.
Um dos artigos citados da lei, citado por Moraes, foi o 18, que classifica como crime o ato de “tentar impedir, com emprego de violência ou grave ameaça, o livre exercício de qualquer dos Poderes da União ou dos estados”.