O ramo iraniano da Associação para os Direitos de Todas as Minorias (ARAM), que atua no campo da igualdade de direitos no país, informou em 16 de fevereiro de 2020 que o governo iraniano ameaça destruir o túmulo de Mardoqueu e da rainha Ester na cidade de Hamadã, no Irã.
A história dos judeus Mardoqueu e Ester é mencionada na Bíblia, no livro de Ester.
“Porque o judeu Mardoqueu foi o segundo depois do rei Assuero, e grande entre os judeus, e estimado pela multidão de seus irmãos, procurando o bem do seu povo, e proclamando a prosperidade de toda a sua descendência” (Livro de Ester 10: 3).
As autoridades iranianas ameaçam destruir o túmulo histórico de Ester e Mardoqueu em Hamadã e designar o local para um consulado da “Palestina”. Em um gesto cruel, o governo iraniano planeja transformar o local de sepultamento desses heróis judeus bíblicos em um complexo com um edifício do consulado palestino.
Segundo o ARAM, um grupo de Basij (um braço voluntário paramilitar da Guarda Revolucionária Iraniana – IRGC) tentou derrubar o local histórico em fevereiro, como uma vingança pelo “Acordo do século” de Trump. Como o Basij faz parte do IRGC, o grupo é classificado como uma organização terrorista pelos governos dos Estados Unidos, Bahrain e Arábia Saudita.
A história da vitória judaica, conforme descrita no Livro de Ester, é a base do festival de Purim. O local é a Pérsia antiga, hoje conhecida como Irã, o arqui-inimigo do Israel moderno. Escondido na cidade de Hamadã, em um canto remoto do Irã, há um edifício de 500 anos que foi designado como o local de enterro dos heróis Mardoqueu e Ester. Acredita-se que uma estrutura anterior naquele local tenha sido destruída no século 14 pelos invasores mongóis.
A cidade iraniana de Hamadã está localizada cerca de 320 km a oeste de Teerã, e afirma-se que esta cidade é a cidade bíblica de Susã, capital da antiga Pérsia, onde a história de Purim ocorreu. “E sucedeu nos dias de Assuero, o Assuero que reinou desde a Índia até a Etiópia, sobre 127 províncias, Que, naqueles dias, assentando-se o rei Assuero no trono do seu reino, que estava na fortaleza de Susã” (Ester 1:1,2).
A maioria das pessoas presumiria que um lugar onde os heróis judeus são lembrados e homenageados estaria escondido em algum lugar do Irã ou estaria em perigo, mas até os recentes distúrbios, o local era respeitado e acessível gratuitamente aos judeus. O lugar recebe todos os anos judeus persas que vêm ao túmulo em grande número para ler o Livro de Ester.
Judeus no Irã
A tumba testemunha o complicado status dos judeus no Irã. Apesar de Israel ser o principal inimigo do regime atual, esse nem sempre foi o caso. Em 1970, mais de 100.000 judeus viviam no país. Como resultado de um êxodo maciço após a Revolução Iraniana de 1979 e o estabelecimento da República Islâmica, menos de 30.000 judeus permaneceram no Irã até hoje. No entanto, a comunidade iraniana representa o maior grupo populacional judeu em todo o Oriente Médio fora de Israel.
Em 2008, o governo iraniano colocou o túmulo na lista do Patrimônio Nacional. Isso significava que estava protegido pelo governo. Três anos depois, manifestantes anti-Israel chegaram ao túmulo e ameaçaram esmagá-lo e destruí-lo. O edifício foi removido da lista de patrimônio. A agência de notícias oficial iraniana explicou o motivo: “Purim é uma celebração na qual os judeus comemoram que haviam matado iranianos”.
O relatório é baseado em um anúncio de um canal de notícias cristão iraniano que afirmou em 7 de fevereiro que “o Conselho de Investigação da Mobilização de Estudantes das universidades de Hamadan, em uma declaração contra os EUA, Israel e os países árabes da região disse que transformaria a tumba para um consulado palestino, se alguma ação for tomada”.
Ali Malamir, diretor executivo do Departamento de Patrimônio Cultural e Turismo do Distrito Madan, no entanto, disse o seguinte: “Esta é uma propriedade nacional e não tem nada a ver com a criação de um consulado palestino”. Portanto, não está claro neste momento se o plano plano será implementado.
O Islã vêm declarando muitos lugares sagrados cristãos e judaicos exclusivamente como “santuários islâmicos”. Uma sinagoga de 1.500 anos construída no túmulo do profeta Ezequiel em Al Kifl, no Iraque, foi recentemente destruída e substituída por uma mesquita.