O Ministério da Justiça da Bolívia entrou com uma ação criminal contra o ex-presidente Evo Morales junto ao Ministério Público por estupro de menor e tráfico humano, informou o vice-ministro boliviano, Guido Melgar.
“O Ministério da Justiça apresentou uma queixa contra o cidadão Juan Evo Morales Ayma pelos crimes de estupro e tráfico de pessoas”, disse Melgar em entrevista coletiva. “A partir de agora, é o Ministério Público e as demais instituições (de proteção à mulher e menores) que devem concretizar o processo penal correspondente”, acrescentou.
Nos últimos dias, fotos de Morales foram divulgadas na imprensa local e nas redes sociais com uma menina de 14 anos, que acompanhava o então presidente boliviano. A menina, hoje, tem 19 anos de idade. O vice-ministro Melgar disse que, em fotos tiradas de um celular de um parente da jovem, ela é observada com o então governante em viagens pelo país.
“O curioso aqui é que ela era menor naquela época e como todos sabemos, para uma viagem com um menor, ela precisava da autorização dos pais”, disse Melgar.
As penas na Bolívia são de até 20 anos de prisão para tráfico e contrabando de menores e até 6 anos para estupro. O vice-ministro interino indicou que se desconhece o paradeiro da jovem, mas há indícios de que parentes dela “entraram e saíram” da Argentina, onde Morales está refugiado e onde a menina aparentemente estava, segundo fotos e vídeos das redes sociais.
Melgar também citou a prisão de uma irmã da vítima, que está envolvida nos crimes. Além disso, ele comentou que o papel dos pais da jovem está sendo investigado por permitir que Evo Morales a levasse em todas as suas viagens, bem como quando o relacionamento começou e se continua.
O próprio Melgar havia anunciado na segunda-feira (17) que seu Ministério estava investigando uma denúncia anônima sobre um relacionamento entre o ex-presidente e uma menor, com quem ele teria um filho. Morales, solteiro e pai de dois filhos, também foi atribuído, em 2016, a um relacionamento com Gabriela Zapata, que era gerente da empresa chinesa CAMC, para a qual o governo boliviano fechou contratos milionários.
O governo conservador de transição da Bolívia lançou várias acusações contra Morales, inclusive de sedição e terrorismo, devido à violência social ocorrida entre outubro e novembro de 2019. Nem Morales nem seu Movimento pelo Socialismo (MAS) comentaram as novas acusações.
Com informações, AFP/EFE.