Um empresário de 32 anos foi expulso de uma padaria em Barueri, São Paulo, por usar um notebook no local e, posteriormente, acabou sendo preso em uma operação da Polícia Federal. Allan Barros, conhecido por exibir um estilo de vida luxuoso nas redes sociais, frequentemente compartilhava imagens de si mesmo com carros de luxo e em viagens.
A prisão temporária de Barros aconteceu em Curitiba, durante uma operação realizada na terça-feira (27). O advogado Leonardo Dechatnik, responsável pela defesa de Barros e de sua empresa, a Unimetaverso Gestão de Ativos Digitais e Marketing LTDA., afirmou por meio de uma nota que “o cliente e sua empresa nunca estiveram envolvidos em processos movidos por investidores”.
Nas redes sociais, Allan Barros costumava compartilhar imagens de suas viagens a destinos exóticos como as Maldivas, Londres, Paris e Abu Dhabi. Ele não só mostrava seu estilo de vida luxuoso ao dirigir carros de alto padrão, mas também ao pilotar motos aquáticas e ao presentear um sócio com um relógio de luxo. Barros residia em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.
Cerca de um mês antes de sua prisão, um incidente ocorreu com Barros em uma padaria de Barueri, quando ele foi expulso do estabelecimento pelo dono, que se irritou com ele por estar usando um notebook no local, no dia 31 de janeiro.
A Delegacia de Polícia de Barueri iniciou um inquérito para apurar um episódio de tentativa de agressão relacionado ao incidente, depois que o proprietário da padaria tentou atacar Barros com um pedaço de madeira.
O dono da padaria, identificado como Silvio Mazzafiori, de 65 anos, acabou tropeçando e caindo, sendo posteriormente contido por pessoas que estavam no local. Após o incidente, Mazzafiori ameaçou Barros, que registrou toda a cena.
Operação Fast
A operação da Polícia Federal que resultou na prisão de Allan Barros foi denominada Fast. O foco dessa operação é um grupo criminoso com base em Balneário Camboriú, situado no Litoral Norte de Santa Catarina.
Essa ação da PF visa desarticular uma organização acusada de cometer fraudes no sistema financeiro, utilizando criptomoedas e NFTs (Tokens Não-Fungíveis) como mecanismos para aplicar golpes.
De acordo com estimativas da Polícia Federal, o esquema pode ter afetado até 20 mil vítimas, tanto no Brasil quanto no exterior, resultando em perdas totais de cerca de R$ 100 milhões.
A Polícia Federal revelou que o esquema fraudulento se baseava na proposta de uma criptomoeda criada pelo próprio grupo, a qual supostamente ofereceria retornos financeiros superiores aos usuais no mercado, graças a parcerias estabelecidas com diversas empresas.
Com o intuito de conferir legitimidade ao negócio e atrair mais investidores, o grupo promoveu o lançamento dessa nova criptomoeda durante um evento de criptoativos realizado em Dubai.
“Trata-se de um golpe. Essa criptomoeda existe, mas as pessoas não conseguem negociá-las. O banco digital prometeu cartões, prometeu operar com uma instituição financeira, porém nada disso funciona, as pessoas colocam o criptoativo dentro desse banco, elas não conseguem movimentar”, detalhou o delegado Maurício Todeschini.
Quando os prometidos altos retornos financeiros não se materializaram, as vítimas recorreram à Polícia Federal. A instituição, por meio de seu canal oficial dedicado ao recebimento e análise de informações sobre esquemas de pirâmides financeiras, iniciou uma investigação detalhada sobre as denúncias.
Confira a nota na íntegra da defesa de Barros
A defesa de Alan Deivid de Barros e da empresa Unimetaverso Gestão de Ativos Digitais e Marketing LTDA., representada pelo Dr. Leonardo Bueno Dechatnik, vem a público esclarecer informações a respeito da Operação Fast, na qual nosso cliente é investigado.
Desde o início das investigações, temos mantido uma postura colaborativa com as autoridades, buscando esclarecer os fatos da forma mais transparente e eficaz possível.
É importante salientar que o processo corre em segredo de justiça, o que nos impede de divulgar detalhes específicos sobre o caso neste momento. No entanto, é do interesse de nosso cliente que a verdade seja plenamente esclarecida.
Refutamos categoricamente a alegação de que nosso cliente tenha subtraído a quantia de R$ 100.000.000,00 ou que tenha prejudicado entre 5 a 22 mil pessoas. Esses números, mencionados no relatório policial, são baseados em suposições da autoridade policial, sem comprovação efetiva. Até o momento, somente um número ínfimo dessas supostas vítimas efetuou denúncias formalmente, sendo a maior parte destas ex-colaboradores e concorrentes no setor empresarial.
Nosso cliente e sua empresa nunca foram objeto de processos por parte de investidores. Ademais, no relatório policial, identifica-se o caso de um indivíduo que se passou por vítima, mas que cometeu furtos de ativos virtuais da empresa e admitiu ter hackeado a plataforma. Sua confissão foi devidamente documentada em ata notarial, que foi anexada ao Boletim de Ocorrência e à notícia-crime, apresentada à delegacia de crimes cibernéticos de Curitiba.
Quanto à alegação de que os recursos subtraídos alcançam a cifra de R$ 100.000.000,00, é questionável a metodologia usada para chegar a tal conclusão, baseada em evidências frágeis como capturas de tela de conversas em aplicativos de mensagens e comentários não verificados.
Ressaltamos que a decisão de decretar prisão preventiva parece desproporcional, considerando que o caso não envolve violência ou grave ameaça, e que existem medidas cautelares mais adequadas para assegurar o andamento do processo. Alan Deivid de Barros, réu primário, profissional dedicado, não representa risco à sociedade.
A defesa está atuando de maneira criteriosa no acompanhamento da operação, e medidas judiciais estão sendo adotadas para corrigir o que consideramos ser uma arbitrariedade.
Estamos comprometidos em demonstrar a inocência de nosso cliente e esclarecer os fatos, sempre respeitando o processo legal e colaborando com as autoridades para a justa resolução deste caso.