O Ministério da Justiça dos EUA não tira os olhos do principal operador financeiro de Nicolás Maduro, Alex Saab, que poderia confirmar todas as acusações que foram feitas contra o ditador Maduro e a liderança chavista na Venezuela.
A segurança do empresário colombiano foi reforçada em Cabo Verde, segundo a jornalista venezuelana Maibort Petit, após a chegada de um avião do Ministério da Justiça no domingo (1).
O voo N708JH, que voou de Washington D.C. para o Aeroporto Internacional Amílcar Cabral, em Espargos, Cabo Verde, ‘disparou os alarmes’ a respeito do empresário detido em 12 de junho e que aguarda extradição para os Estados Unidos.
Segundo a jornalista venezuelana, a intenção de reforçar a segurança surgiu mais tarde porque Alex Saab pode receber o benefício da prisão domiciliar. Por esse motivo, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos tomou a decisão de garantir 24 horas por dia a segurança do local onde Saab aguarda o resultado das ações da Suprema Corte de Justiça, para evitar que o principal operador financeiro de Nicolás Maduro escape da ilha africana.
O Gulfstream G550 permaneceu em Cabo Verde até às primeiras horas de segunda-feira (2) de onde decolou sem destino ainda confirmado.
“O caso Álex Saab representa um arquivo do crime organizado transnacional. A política externa do Presidente Donald Trump visa desmantelar a enorme empresa criminosa que opera sob o comando do regime de Nicolás Maduro”, disse Maibort Petit.
“É cumprido o prazo em que o preso, em processo de extradição, pode receber o benefício de prisão domiciliar enquanto aguarda o processo penal. O Departamento de Justiça está ciente da situação e dos perigos que ela representa para a justiça”, acrescentou.
Fontes relacionadas com o caso indicam que o processo é conduzido no mais alto nível do Governo de Cabo Verde pelos Estados Unidos. “Não há como escapar da prisão domiciliar, não há espaço para aventuras. Está tudo sob controle”, indicaram, conforme a jornalista comentou em seu Twitter.
O caso Alex Saab é um dos mais notórios dos últimos tempos por representar um complô de lavagem de dinheiro e corrupção em nível transnacional. Aguarda-se a sua extradição para os Estados Unidos, uma vez que o Supremo Tribunal de Cabo Verde determinou a sua incompetência para decidir sobre o pedido apresentado pelos Estados Unidos contra o “agente especial” do regime de Nicolás Maduro.
A defesa de Saab denunciou várias vezes que o processo contra seu cliente em Cabo Verde está crivado de ilegalidades. Ela também exige sua libertação imediata e que ele tnão seja entregue ao Governo dos Estados Unidos, que o está reivindicando com acusações de ‘crimes de lavagem de dinheiro’. A justiça cabo-verdiana rejeitou as 6 reclamações apresentadas pela defesa do do principal operador financeiro de Nicolás Maduro.
Alex Nain Saab Moran
Alex Saab nasceu em Barranquilla, na Colômbia e é de origem libanesa. Ele esteve ligado a várias empresas, incluindo a Group Grand Limited (GGL), acusada de fornecer ao regime de Maduro ‘alimentos e mantimentos’ para o programa alimentar do Comités Locales de Abastecimiento y Produção (CLAP).
Apontado em julho passado por acusações federais de lavagem de dinheiro, Saab foi acusado de subornar autoridades venezuelanas e canalizar mais de US $ 350 milhões para contas no exterior como parte desse programa alimentar destinado a atender pessoas que passam fome na Venezuela.
Quase US $ 20 milhões em bens foram apreendidos por meio de dois procedimentos executados pelo Ministério Público colombiano em junho e outubro, respectivamente. Entre os bens apreendidos estão mansões, imóveis e objetos de luxo.
Recentemente, Saab é suspeito de ajudar Maduro a orquestrar uma troca com o Irã como parte de um plano mais amplo de assistência que trouxe petróleo, trabalhadores e suprimentos em troca de cerca de 9 toneladas de ouro, no valor de US $ 500 milhões. Amadvogada da Saab negou qualquer participação nos eventos, dizendo que seu cliente era um “empresário de negócios alimentícios”.
“Sou um livro aberto, minhas contas estão limpas e minha consciência está limpa”, disse Saab em uma entrevista de 2017 ao jornal El Tiempo, onde negou estar envolvido em contratos corruptos com a Venezuela.
Saab teria ajudado a negociar o acordo com o novo Ministro do Petróleo de Maduro, Tareck El Aissami. Os dois já haviam trabalhado juntos para fortalecer o relacionamento da Venezuela com a Turquia, que incluiu remessas de pelo menos US $ 900 milhões em ouro para o país em 2018. Até então, as autoridades americanas já temiam que parte do metal tivesse chegado ao Irã, em violação às sanções internacionais impostas contra o país.