Um ano após o primeiro caso do novo coronavírus ter sido identificado no Brasil, o país ainda segue se deparando com brigas e discussões políticas sobre medidas concretas para o enfrentamento da doença que continua assolando o território brasileiro de ponta-a-ponta.
Com mais 2.616 mortes registradas nas últimas 24 horas, o Brasil ultrapassou neste último sábado (10) a marca de 350 mil vítimas da Covid-19. Ao todo, foram confirmados 351.334 óbitos desde o início da pandemia.
Num momento tão crítico que o país atravessa, o confronto entre prefeitos e governadores contra o presidente da República vem dificultando a adoção de medidas no combate ao coronavírus.
Conforme já registrou o Conexão Política, em maio de 2020, o chefe do Executivo já acenava positivamente para prefeitos e governadores, buscando maiores diálogos para um enfrentamento efetivo contra a Covid-19 no Brasil.
Condenando a ‘guerra política’, Bolsonaro assegurava estar ‘pronto para conversar’. Contudo, ao que parece, parte dos governadores não demonstraram a mesma disposição.
“Então, [este é] o apelo que eu faço aos governadores: revejam essa política, eu estou pronto para conversar. Vamos preservar vidas, vamos. Mas dessa forma, o preço lá na frente serão centenas a mais de vidas que vamos perder, por causa dessas medidas absurdas de fechar tudo”, declarou o mandatário, na saída do Palácio da Alvorada, em maio do ano passado.
STF e a CPI da Covid
Conforme registrou o Conexão Política na última quinta-feira, 8 de abril de 2021, o ministro Luis Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que o Senado Federal abra a CPI da Covid-19 com o objetivo de investigar a responsabilidade do governo federal na pandemia.
O pedido de criação da CPI foi protocolado em 15 de janeiro de 2021 por senadores que querem apurar as ações e omissões do governo Bolsonaro na crise sanitária.
A comissão, no entanto, ainda não tinha sido instalada pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG).
“Defiro o pedido liminar para determinar ao presidente do Senado Federal a adoção das providências necessárias à criação e instalação de comissão parlamentar de inquérito”, escreveu Barroso na decisão.
Bolsonaro reagiu
Em declaração na portaria do Palácio da Alvorada, na manhã de 9 de abril de 2021, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que ‘falta coragem’ e ‘sobra ativismo judicial’ ao ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF).
“Pelo que me parece, falta coragem moral para o Barroso e sobra ativismo judicial”, declarou Bolsonaro, acrescentando que “não é disso que o Brasil precisa. Vivendo um momento crítico de pandemia, pessoas morrem. E o ministro do Supremo Tribunal Federal faz politicalha junto ao Senado Federal”.
De acordo com o presidente, o que deveria ser investigado são os “desvios de recurso [por parte] de governadores“. Ele criticou a decisão e considera que o ministro agiu em conjunto com a bancada de esquerda do Senado “para desgastar o governo“.
Para ele, o ministro Barroso não tem ‘coragem moral’ de determinar a abertura de processos de impeachment contra integrantes da Suprema Corte.
“Se tiver um pingo de moral, ministro Barroso, mande abrir os processos de impeachment contra alguns dos seus companheiros do Supremo Tribunal Federal“, disparou.
Prefeitos e governadores na mira
O senador Alexandro Vieira (Cidadania-SE) protocolou no sábado, 10 de abril de 2021, um pedido para a Mesa Diretora do Senado ampliar o alcance da CPI determinada por Barroso.
O pedido de Vieira é para que a comissão apure também eventuais irregularidades na gestão de prefeitos e governadores.
“Assim como as competências, as responsabilidades são também distribuídas. Dessa forma, não cabe, a nosso ver, instituir uma comissão parlamentar de inquérito para proceder à investigação da atuação dos órgãos estatais diante da pandemia do covid-19 e limitar o seu escopo exclusivamente aos agentes públicos federais. Trata-se de um sistema nacional e assim deve ser avaliado”, disse Vieira.
Enquete sobre o tema
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Governadores e prefeitos X governo federal: qual o lado certo no combate à Covid-19 no país?
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