O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse em um discurso na Assembleia Geral das Nações Unidas na terça-feira (29) que o Hezbollah está abrigando armas perto do Aeroporto Internacional de Beirute, alertando que poderia causar outra explosão catastrófica na capital libanesa.
Netanyahu acusou o Hezbollah de “manter um depósito secreto de armas” em Janah, um bairro de Beirute. Durante seu discurso, ele apontou para mapas que parecem mostram a localização do depósito de mísseis a “50 metros” de um posto de gasolina e residências. Netanyahu também mostrou uma foto do que ele afirma ser a entrada da fábrica de mísseis do Hezbollah.
“É aqui que ocorrerá a próxima explosão – bem aqui”, disse ele.
Netanyahu pediu aos moradores do bairro que protestassem contra o Hezbollah, que é apoiado pelo Irã.
“Israel não quer prejudicá-los. Mas o Irã quer. O Irã e o Hezbollah colocaram vocês e suas famílias em grave perigo deliberadamente. E o que vocês devem deixar claro é que o que eles fizeram é inaceitável. Vocês devem dizer a eles: ‘destruam esses depósitos’.”
Após o discurso de Netanyahu, as Forças de Defesa de Israel divulgaram mapas detalhados do local e de dois outros depósitos de mísseis que, segundo dizem, estavam em bairros residenciais. Os militares descreveram os três locais de fabricação de mísseis guiados com precisão, mas não deram nenhuma outra evidência e não disseram o quão avançado está o programa de fabricação.
“Essa não é a primeira vez que expomos as instalações de fabricação de mísseis guiados com precisão (PGM) do Hezbollah no coração de Beirute. Mas a comunidade internacional pode ajudar que seja a última vez. É hora de o mundo se levantar contra o uso de escudos humanos pelo Hezbollah.”, escreveu as Forças de Defesa de Israel em 29 de setembro de 2020 no Twitter.
O líder do grupo terrorista Hezbollah, Hassan Nasrallah, negou as alegações de Netanyahu e o acusou de “mentir” sobre um depósito secreto de armas.
“Não colocamos mísseis nem no porto de Beirute ou perto de um posto de gasolina e sabemos bem onde colocaremos nossos mísseis”, disse Nasrallah.
O Hezbollah convidou os meios de comunicação a investigar imediatamente o local, onde encontraram máquinas pesadas em uma pequena fábrica e nenhuma evidência de armas.
“Esta instalação é uma instalação industrial normal nesta área, presente aqui há talvez dezenas de anos”, disse o porta-voz do Hezbollah, Mohammed Afif.
No mês passado, um depósito com 3.000 toneladas de nitrato de amônio explodiu no porto de Beirute, matando quase 200 pessoas, ferindo milhares e deixando centenas de milhares desabrigados.
O produto químico ficou armazenado no depósito por anos. Ninguém assumiu a responsabilidade pela explosão, que teria sido provocada por um incêndio acidental.
No entanto, alguns colocaram a culpa no Hezbollah. Israel há anos afirma que o grupo terrorista mantém material perigoso em áreas residenciais de Beirute e no sul do Líbano. Ambas as áreas são redutos de apoio ao grupo terrorista ‘patrocinado’ pelo Irã.
O presidente francês, Emmanuel Macron, repreendeu no domingo o Hezbollah e os líderes libaneses por não estarem dispostos a deixar de lado interesses pessoais e religiosos para permitir ajuda internacional ao Líbano. O Líbano está mergulhado em uma crise econômica agravada pela explosão do mês passado. Macron alertou sobre uma nova guerra civil no Líbano se os líderes não aprovarem reformas urgentes.