ReproduçãoApós a atriz Fernanda Torres conquistar um Globo de Ouro, o prefeito Eduardo Paes tem prometido “fechar Copacabana” em celebração, caso a atriz também leve o Oscar. A declaração, que parece um tanto quanto fora da realidade, levanta um contraste que já é antigo: enquanto se fala em “fechar” o icônico bairro da zona sul para eventos, o Rio de Janeiro segue sofrendo com a disparada da criminalidade, sobretudo nas favelas, onde “fechar” ruas e conter a violência parece algo cada vez mais distante.
A criminalidade no Rio, que já enfrenta níveis desenfreados, encontra um agravante em decisões do STF que limitaram operações policiais em comunidades. A medida, embora tenha como justificativa evitar abusos, resultou em redutos cada vez mais dominados pelo crime organizado, deixando a população à mercê de traficantes e milicianos. No entanto, a gestão Paes parece tratar a segurança pública como uma questão secundária, optando por focar em eventos de grande porte e iniciativas de “pão e circo” para entreter os cariocas, em vez de enfrentar de forma precisa a crise.
O exemplo mais recente foi o show da cantora Madonna, realizado justamente em Copacabana. Apesar da magnitude do evento, que atraiu milhares de pessoas, ele também escancarou a realidade contrastante da cidade: a poucos quilômetros dali, moradores de várias comunidades enfrentavam tiroteios, ausência de policiamento e a rotina de medo imposta pela criminalidade.
A promessa de “fechar Copacabana” soa irônica quando colocada em perspectiva. No Rio, a palavra “fechar” carrega um peso diferente. Fechar ruas para eventos é fácil, mas fechar as portas do tráfico, desarticular quadrilhas e proteger os cidadãos parece ser um desafio que não recebe a mesma atenção ou prioridade da administração municipal.