O cenário político de 2022, que vem apontando para uma disputa entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (sem partido, está provocando reação de quem defende uma ‘terceira via’.
Sob a perspectiva de lançar um outro nome no páreo, a candidatura do humorista Danilo Gentili deve ser discutida e possivelmente emplacada.
Em entrevista à Gazeta do Povo, o coordenador do Movimento Brasil Livre (MBL), Renan Santos, afirmou ser real a possibilidade de Gentili se candidatar à Presidência da República.
“A gente não ia jogar a credibilidade nossa, o projeto no lixo para falar: ‘Ah, eles estão numa brincadeira’. Não estamos numa brincadeira”, disse.
O nome do comediante passou a ser ventilado após o MBL inserir o apresentador em cenários de pesquisas eleitorais.
Em determinadas sondagens, Gentili pontua números próximos ao do governador João Doria (PSDB-SP).
Ele também registra números semelhantes ao do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta e do também apresentador de TV Luciano Huck.
Para Renan, o MBL pode ganhar protagonismo na disputa do ano que vem. Ele também comentou a pretensão de lançar o deputado estadual Arthur do Val (Patriota-SP) como candidato ao governo de São Paulo.
Há controversas
Apesar do otimismo do coordenador do MBL sobre a desenvoltura do grupo no cenário político, diversos nomes da direita enxergam um real enfraquecimento do movimento nos últimos anos.
O grupo viu crescer sua imagem sob intenso clamor popular — tendo seu ápice no ato de 2016, no processo de impeachment de Dilma Rousseff (PT). Apesar disso, o MBL não consegue mais ter a força de anos anteriores.
Nos últimos quatro anos, período marcado pela ascensão dos conservadores nos atos de rua, a maioria das grandes mobilizações foram realizadas sem a presença do Movimento Brasil Livre.
Além disso, cresceu a rejeição ao movimento nas redes sociais, passando a registrar queda expressiva de engajamento nas principais plataformas digitais, principalmente no YouTube.
Nomes de destaque do segmento conservador, a exemplo do analista político Diego Garcia, enxergam um ‘derretimento’ visível do MBL.
Recentemente, por meio do Twitter, Garcia ironizou a possibilidade de o movimento consolidar uma candidatura em 2022.
“A 3ª via do MBL é um lugarzinho onde o sol não bate”, escreveu.
O chefe de redação do Conexão Política, Davy Albuquerque, também usou as redes sociais nos últimos meses para criticar a cúpula do grupo.
Na ocasião, o deputado federal Kim Kataguiri (DEM-SP), que é um dos integrantes do grupo, usou o Twitter para se posicionar em favor da vacinação obrigatória.
“Assim que sair a vacina para o corona, vou para a fila tomar. O Instituto Butantã é seríssimo e tem acompanhado e participado de cada etapa do rigoroso processo de teste da Coronavac. Tem de ser obrigatório mesmo. Se vc não toma, além de ser burro, coloca a saúde de terceiros em risco”, escreveu o parlamentar, em outubro de 2020.
Assim que sair a vacina para o corona, vou para a fila tomar. O Instituto Butantã é seríssimo e tem acompanhado e participado de cada etapa do rigoroso processo de teste da Coronavac. Tem de ser obrigatório mesmo. Se vc não toma, além de ser burro, coloca a saúde de 3os em risco
— Kim Kataguiri (@KimKataguiri) October 17, 2020
Em resposta, Albuquerque escreveu: “Kim: o liberal favorável ao Estado determinar o que o cidadão deve ou não deve injetar no próprio organismo mesmo contra a vontade do indivíduo. Não dá pra esperar algo diferente de quem prefere Alckmin a Bolsonaro e dá nota 8 para Rodrigo Maia”.
Na visão dele o MBL “é uma merda que cresceu para um dia cair na cabeça de todos nós”.