Por Portas Abertas
A Somália é uma nação de maioria muçulmana e a sociedade espera que todos os somalis sejam islâmicos. Líderes religiosos das mesquitas e madrassas (escolas islâmicas), assim como líderes do Al-Shabaab, declaram publicamente que não há espaço para o cristianismo, cristãos e igrejas na Somália. A Constituição do país declara que o islamismo é a religião do Estado. O governo ainda proíbe cristãos de celebrarem o Natal e quem quiser celebrar deve fazê-lo de forma muito discreta. O grupo tem promovido de forma consistente ideologia anticristã.
O que é o Al-Shabaab?
O Al-Shabaab é um grupo militante islâmico que adere à doutrina do wahabismo e defende a sharia (conjunto de leis islâmicas) como base para regular todos os aspectos da vida na Somália. Eles impõem uma versão rígida da sharia em áreas sob seu controle, incluindo o apedrejamento até a morte de mulheres acusadas de adultério e a amputação das mãos de ladrões. Também visam e matam somalis suspeitos de se converter ao cristianismo. Ser cristão, especialmente convertido do islamismo, é um grande desafio e pode levar à morte nas mãos de grupos radicais.
O grupo luta contra o governo na Somália, que é apoiado pela Organização das Nações Unidas (ONU). Por isso, realizou uma série de ataques pela região. O Al-Shabaab, que é aliado da Al-Qaeda, foi expulso da maioria das cidades principais que controlava, mas permanece uma poderosa ameaça.
De acordo com a BBC, Al-Shabaab significa “Os Jovens”, em árabe. O grupo surgiu como uma ala radical jovem do extinto Conselho Supremo das Cortes Islâmicas da Somália, que controlava Mogadíscio, capital do país, em 2006, antes de ser expulso por forças etíopes. Há diversos relatos de jihadistas estrangeiros de países vizinhos, bem como dos Estados Unidos e Europa, que vão para a Somália ajudar o Al-Shabaab. O grupo foi declarado como grupo terrorista pelos Estados Unidos e Reino Unido e acredita-se que possui entre 7 e 9 mil combatentes.
Quais as conexões do Al-Shabaab?
Em um vídeo liberado em fevereiro de 2012, o líder do Al-Shabaab, Ahmed Abdi Godane, disse que “prometia obediência” à Al-Qaeda, liderada por Aman al-Zawahiri. Também houve diversos relatos que o Al-Shabaab poderia ter se ligado a outros grupos militantes da África, como o Boko Haram, da Nigéria. Além disso, o grupo debateu o fato de oferecer lealdade ao Estado Islâmico após seu surgimento, em janeiro de 2014, mas acabou rejeitando a ideia, o que resultou na separação de uma pequena facção.
Atualmente, o Al-Shabaab é liderado por Ahmad Umar, também conhecido como Abu Ubaidah. Os Estados Unidos emitiram uma recompensa de 6 milhões de dólares por informações que levem a sua captura.
O quanto o Al-Shabaab é perigoso?
Como divulgado em artigo da BBC, o governo da Somália culpa o grupo pela morte de ao menos 500 pessoas em um grande bombardeio na capital Mogadíscio, em outubro de 2017. Esse foi o bombardeio mais mortal do leste africano. Porém, o Al-Shabaab não alegou responsabilidade. Apesar disso, confirmou ter realizado um ataque massivo em uma base militar queniana na cidade de El Adde, na Somália, em janeiro de 2016, que matou cerca de 180 soldados, segundo o então presidente, Hassan Sheikh Mohamud. Militares quenianos contestaram o número, mas se recusaram a dar o número de mortos.
O Al-Shabaab também realizou diversos ataques no Quênia, incluindo o massacre de 2015 na Universidade de Garissa, no Quênia, próximo à fronteira com a Somália. Um total de 148 pessoas morreram quando homens armados invadiram a universidade e alvejaram estudantes cristãos. Dois anos antes, homens armados invadiram o shopping Westgate, em Nairóbi, capital do Quênia, em um ataque que deixou ao menos 67 pessoas mortas. E durante a Copa do Mundo de Futebol, em 2010, bombardearam um clube de rúgbi e um restaurante em Uganda, na capital Kampala, matando 74 pessoas que assistiam uma partida.
Quanto da Somália o Al-Shabaab controla?
Apesar de ter perdido o controle da maioria das cidades, o grupo ainda domina muitas áreas rurais. Ele foi expulso da capital Mogadíscio em agosto de 2011, após uma ofensiva liderada por cerca de 22 mil tropas da União Africana, e deixou o importante porto de Kismayo em setembro de 2012. A perda deste afetou suas finanças, já que era usado para conseguir dinheiro ficando com uma parte do lucrativo comércio de carvão da cidade.
Segundo a BBC, os Estados Unidos realizaram uma onda de ataques aéreos, que levaram à morte do líder do grupo, Aden Hashi Ayro, em 2008, e seu sucessor, Ahmed Abdi Godane. Em março de 2017, o presidente americano Donald Trump aprovou um plano no Pentágono para aumentar as operações contra o Al-Shabaab. Os Estados Unidos possuem mais de 500 tropas na Somália e conduziram 30 ataques aéreos em 2017, mais de quatro vezes o número médio realizado nos últimos sete anos, de acordo com o jornal The Washington Post. Apesar das operações militares enfraquecerem o Al-Shabaab, o grupo continua apto para executar ataques suicidas e reconquistou o controle de algumas cidades.
Os cristãos isolados da região precisam de líderes que possam discipulá-los e ensiná-los. Novos convertidos do Chifre da África precisam ser orientados para permanecerem firmes na fé diante da perseguição que enfrentam. Bons líderes podem agregar convertidos e, assim, estabelecer igrejas, conforme os cristãos desfrutam de um lugar seguro onde podem ter comunhão e crescer espiritualmente. Por medo de represálias, muitos cristãos preferem manter a fé em segredo e não participam da comunhão do corpo de Cristo. Sua contribuição permite que a Portas Abertas ofereça treinamentos na língua local para que líderes sejam capacitados a desenvolver um ministério efetivo, oferecendo a esses cristãos um lugar seguro para congregar.