Com o sucesso da 1ª edição do CPAC [Conservative Political Action Conference] no Brasil, que reuniu 2 mil pessoas em São Paulo, o movimento conservador se consolida no Brasil, demonstra sua força e dá sinais de que veio para ficar, visto que o próximo encontro em terras verde e amarelas já está programado para 2020. Por consequência dos movimentos de rua e dos ativistas mobilizados, o movimento conservador começou a se levantar e a se organizar no Brasil. Mundialmente o movimento conservador busca se organizar e expandir suas bases de apoio.
A abertura do evento, que ocorreu na noite de sexta-feira, 11, foi realizada pelo Deputado Federal Eduardo Bolsonaro e pelo presidente da União Conservadora Americana (ACU- sigla em inglês). Em sua palestra Matt Schlapp, defendeu a necessidade da união entre os conservadores ao redor do mundo para evitar o avanço das ideias progressistas. Segundo ele, apenas com o trabalho conjunto será possível avançar nessa agenda. Matt ainda defendeu que a direita precisa se mobilizar cada vez mais para ocupar espaços na política.
“Se motivarmos as pessoas a de fato trabalhar na política, venceremos. Temos que trabalhar juntos, aprender uns com os outros, usar as melhores ferramentas”, disse o estrategista político americano.
Já Eduardo Bolsonaro Bolsonaro, que foi aclamado pelo público em sua subida ao palco, iniciou seu discurso agradecendo e exaltando a importância da realização do CPAC no Brasil. Em seguida, ele repetiu o gesto de Donald Trump abraçando a bandeira brasileira e ainda ressaltou que o CPAC não é o Foro de São Paulo invertido.
“A nossa sede não é de poder, a nossa sede é de saber quem somos, saber nos organizar”, pontuou. E lembrou que em 1964 os militares impediram o comunismo no Brasil “sem dar um tiro” , disse o Deputado Federal que fez um apanhado histórico até a eleição de Jair Bolsonaro em 2018, lembrando da tomada cultural ensinada pelo italiano Antonio Gramsci.
O segundo dia do CPAC foi marcado por muita animação do público, que lotou o espaço até às 22h. O evento iniciou às 8h45 com a exibição de um vídeo produzido pelo Brasil Paralelo sobre a independência do Brasil com a leitura de um carta de José Bonifácio, um dos maiores nomes conservadores da história do Brasil. Em seguida, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, proferiu sua palestra onde criticou a atuação da ONU e pontuou que “O totalitarismo é o oposto de conservadorismo”, disse o Chanceler que ainda que firmemente rechaçou palavras proferidas contra a soberania do país “A esquerda diz, nossa casa está em chamas. Em primeiro lugar não é a sua casa! Em segundo, não está em chamas”. Quem o sucedeu no palco foi o professor e historiador Rafael Nogueira que lembrou da atuação da esquerda em sua época de estudante universitário. Coube a ele conceituar o que é ser conservador e a contar a história do conservadorismo e do partido conservador no Brasil que foram enterradas com o advento da República em 1889.
Em seguida subiu ao palco o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx lorenzoni, que lembrou a história do Brasil desde o fim do período militar, passando pela era petista em 2003 até a eleição de Jair Bolsonaro. Onyx emocionou muitos na plateia e ressaltou que “Nós não somos obra do acaso” lembrando do atentado sofrido pelo então candidato à presidência Jair Bolsonaro e terminou dizendo que o presidente Jair Bolsonaro é o presente e seu filho Eduardo Bolsonaro o futuro. A Amazônia foi tema do Príncipe Dom Bertrand, autor do livro “Psicose ambientalista”, que chegou a chamar o presidente francês de “Micron”, e disse que “Há sim uma ofensiva contra a nossa soberania na amazônia, essa é a realidade” pontuou. Ele ainda falou sobre a questão indígena “Nós não queremos viver num zoológico humano” disse, relatando a fala de um índio brasileiro.
A Bernardo Kuster coube expor o sínodo da amazônia e o movimento comunista dentro da Igreja Católica. Ele ressaltou a importância dos youtubers dizendo que a internet é superior às mentiras da mídia convencional. Quem o sucedeu no palco foi o deputado estadual Fernando francischini, que fez um análise histórica dos direitos humanos e dos índices de criminalidade, lembrando que a esquerda se apropriou dos direitos humanos com o discurso de defender as minorias.
O deputado federal Luiz Phillippe de Orleans e Bragança participou junto com o comentarista da Fox News, Walid Phares, de um painel onde falaram sobre a crise na Venezuela e sobre as questões que estão ocorrendo no oriente médio. Kassy Dillon que é comentarista política e criadora do movimento conservador Lone Conservative, que atua em universidades norte-americanas, fez uma comparação entre EUA e Brasil sobre o que tem acontecido nas universidades e na mídia dos dois países e falou sobre o conservadorismo na visão jovem. Ela lembrou que foi a primeira a escrever um artigo justo sobre o presidente Jair Bolsonaro nos EUA. Kassy colabora com veículos como FOX News, The Wall Street Journal e Daily Wire.
A ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, fez uma explanação sobre a luta dos conservadores no Brasil, desde quando este era um grupo pequeno que batalhava em Brasília revelando os “jabutis” contidos em diversas leis que tramitavam no Congresso Nacional, “Nós vamos precisar ser inteligentes e articulados, e trabalhar com estratégias muito bem elaboradas” disse a Ministra. A seguir os alunos do professor Olavo de Carvalho: Rafael Nogueira, Taiguara Fernandes, Filipe Martins e Flávio Morgenstern, falaram numa mesa redonda sobre como estão aplicando seus ensinamentos em suas ações. “Nós temos um Presidente que o povo ama e que o establishment odeia” disse Filipe Martins.
Um dos painéis mais aguardados pelo público tinha como tema principal as Fake News e foi composto por Charles Gerow, brasileiro que assessorou Ronald Reagan por 25 anos, por Mercedez Schlapp, que atuou como Diretora de Comunicações Estratégicas da Casa Branca no governo Donald Trump e atualmente é estrategista da campanha de reeleição do presidente norte-americano e por Matt Schlapp, presidente da ACU. Mercedes falou sobre a batalha com a mídia que presenciou quando trabalhava na Casa Branca. Sem se atentar aos fatos reais, os repórteres eram agressivos e distorciam aquilo que acontecia e as falas do presidente americano e ressaltou a importância das mídias sociais, lembrando a relação do presidente Donald Trump com o twitter “Ele realmente entende a importância de conversar diretamente com as pessoas”, ressaltou a estrategista. Eles também falaram sobre a relação da família com o Presidente Trump e como lidam com o dia-a-dia sendo ambos muito atarefados e pais de 5 filhos.
Em seguida subiu ao palco o senador Americano Mike Lee, que é advogado e cientista político. “Estou convencido de que o movimento conservador tem um futuro brilhante no Brasil”, o senador ainda convidou a todos para irem ao CPAC 2020, que será realizado em Washington DC: “Precisamos do que vocês têm aqui” disse o Senador que falou sobre conservadorismo, patriotismo e sobre a luta contra o comunismo. Christine Wilson que é comissária da Federal Trade Commission desde 2018, nomeada pelo Presidente Donald J. Trump falou sobre a situação econômica do EUA durante o governo Trump. Já o especialista em Liberdade Econômica e Crescimento, editor da seção Estado de Direito e Liberdade Monetária do Índice de Liberdade Econômica da Heritage Foundation, James M. Roberts, falou sobre liberdade econômica e as perspectivas para o novo governo Brasileiro.
Bene Barbosa, que é considerado um dos maiores especialistas em segurança do Brasil, falou sobre a política de desarmamento, comparando estatísticas do Brasil e dos EUA. Lembrando que Martin Luther King teve o porte negado. Ana Paula Henkel, conhecida como Ana Paula do vôlei, abordou a questão da ideologia de gênero nos esportes: “no esporte o gênero é biológico”, disse a ex-jogadora de vôlei. Coube à professora e deputada estadual Ana Campagnolo abordar o feminismo e a doutrinação nas escolas. Campagnolo fez um abordagem histórica da revolução sexual desde a revolução francesa “não precisávamos do movimento feminista se tínhamos o liberalismo” disse. Segundo a deputada, o socialismo quer contestar a natureza humana e construir um “novo homem”, já o feminismo quer construir a nova mulher, ou seja acabar com a identidade da mulher. Campagnolo ressaltou que o divórcio não é uma conquista feminista, lembrando que Moisés já concedia carta de divórcio.
“Não existe sofrimento pior na vida de uma mulher que se casou, do que o divórcio. […] Nós conservadores gostamos do sexo oposto, não os entendemos como inimigos, queremos construir família e por isso é necessária a identidade de gênero.”, disse a deputada estadual Ana Campagnolo.
O ministro da educação, Abraham Weintraub, foi quem encerrou o segundo dia de palestras no CPAC. Antes de sua palestra foi exibido um vídeo produzido pelo Brasil Paralelo sobre a desconstrução da sociedade ocidental iniciada na década de 60. O ministro, conhecido por não aderir o politicamente correto, apresentou um balanço do aparelhamento da esquerda na educação brasileira e falou sobre o monopólio, afirmando que poucas famílias controlam segmentos inteiros da economia e estão ligadas historicamente a movimentos totalitários de esquerda.
“A classe média é inimiga desse grupo”, disse o ministro Weintraub, lembrando da fala de Marilena Chaui, que disse odiar a classe média.
O evento também contou com um segundo auditório, a sala interativa, onde o jornalista Allan dos Santos entrevistou diversos palestrantes. O ponto alto dessa sala foi o bate-papo com a ministra Damares Alves que empolgou a plateia que lotava o local naquele momento. Também ocorreu um painel sobre a importância das mídias independentes no combate às Fake News, que contou com a participação de representantes dessas mídias: Davy Albuquerque (Conexão Política), Allan dos Santos e Ítalo Lorenzon (Terça Livre), Daniel Lopez (youtuber), Fernando Melo (Comunicação e Política) e Paulo Enéas (Crítica Nacional).
Durante sua palestra, Matt Schlapp disse que “Organismos internacionais não podem dizer ao povo americano o que devem ou não fazer”, acrescentando que veio ao Brasil para ver “o que está acontecendo” aqui. “Eu quero que os brasileiros tomem suas próprias decisões”, afirmou. Ele ainda ressaltou que países como Japão, Austrália, Coreia do Sul e Reino Unido enfrentam riscos.
Eduardo Bolsonaro, Charles Gerow, Matt Schlapp assinaram o termo de cooperação, que garante o intercâmbio de conhecimento e apoio para a realização do CPAC no Brasil. Após a assinatura, o deputado federal anunciou a realização do CPAC Brasil em 2020 o que levou o público ao êxtase.