Após um intervalo de 18 anos sem registros de casos autóctones de cólera no Brasil, o país se deparou com um diagnóstico preocupante no mês de março, mas notificado publicamente nesta terceira semana de abril.
O Ministério da Saúde confirmou a presença da doença no último domingo (21), informando que, até o momento, não há evidências de outros casos no país. O termo “autóctone” refere-se aos casos originados no local em que são diagnosticados, indicando que a contaminação ocorreu em solo brasileiro.
O paciente em questão, um homem de 60 anos residente em Salvador (BA), não havia viajado para outras localidades, o que sugere que a infecção ocorreu na própria cidade em que vive. Esta é a primeira vez desde 2005 que um caso autóctone de cólera é identificado no Brasil. Os registros anteriores datam de 2004, com 21 ocorrências, todas em Pernambuco.
O homem apresentou sintomas em meados de março, incluindo dor abdominal e diarreia aquosa, após ter utilizado antibióticos duas semanas antes para tratar outra enfermidade. O período de incubação da bactéria Vibrio cholerae, causadora da cólera, é geralmente de dois a três dias, durante os quais os sintomas se manifestam. A doença se caracteriza pela produção de toxinas que afetam o intestino, alterando o equilíbrio de sódio e cloreto no organismo, resultando em uma grande perda de líquidos e sais minerais vitais.
Além dos sintomas gastrointestinais, como vômitos, cãibras e dor abdominal, a cólera pode levar à desidratação grave e até mesmo à morte do paciente. Atualmente, 24 países enfrentam surtos da doença, e a Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta para o aumento global de casos.
A cólera é transmitida principalmente pela ingestão de água ou alimentos contaminados com fezes, além da transmissão pessoa a pessoa. Diante do novo caso, as autoridades de saúde alerta a importância da vigilância sanitária, especialmente em regiões com infraestrutura de saneamento básico precária.
Embora existam vacinas contra a cólera, sua utilização é indicada principalmente em áreas endêmicas ou durante crises humanitárias. Em outras regiões, a prevenção é baseada na melhoria das condições de saneamento básico.