As facções criminosas brasileiras podem faturar até R$ 335 bilhões com a comercialização de cocaína, equivalente a 4% do Produto Interno Bruto (PIB) de 2021. Essa estimativa faz parte do estudo “Segurança Pública e Crime Organizado no Brasil”, divulgado nesta terça-feira (25).
O montante seria alcançado se a droga que transita pelo país fosse exportada para a Europa, conforme dados do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC).
O levantamento, elaborado pela Esfera Brasil e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, também aponta que parte significativa da cocaína é consumida internamente. O Brasil abriga 72 facções criminosas, sendo o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho os mais influentes, presentes em 23 e 20 estados, respectivamente.
Essas organizações estão expandindo suas operações para territórios fronteiriços. O PCC, por exemplo, atua fortemente nas fronteiras com Paraguai e Bolívia, onde comercializa maconha, cocaína, cigarros, armas e veículos. Além disso, participa do garimpo ilegal e controla portos e aeroportos. Já o Comando Vermelho opera nas regiões Sudeste, Norte e Nordeste, com influência significativa na Colômbia.
Apesar da existência de mais de 1,5 mil dispositivos de segurança pública previstos na Constituição, o estudo critica a falta de coordenação eficaz no combate ao crime organizado. “Não há coordenação federativa capaz, técnica e juridicamente, de integrar informações e otimizar o combate às organizações criminosas”, afirma o documento.
Como enfrentar o crime organizado
Para enfrentar o problema do crime organizado, o estudo sugere a aprovação do Projeto de Lei Geral de Proteção de Dados de Interesse da Segurança Pública, a criação de um comitê interministerial e o fortalecimento do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). Também são recomendadas medidas como a regulamentação de criptoativos e apostas para enfraquecer as facções criminosas.
O Atlas da Violência 2024 destaca que o PCC e o Comando Vermelho, originários do Sudeste, se expandiram para o Norte e Nordeste, regiões com as maiores taxas de homicídios no país. Salvador lidera com 66,4 homicídios por 100 mil habitantes, seguida por Macapá, Manaus, Porto Velho e Fortaleza.
O Brasil abriga 72 facções criminosas, sendo duas delas transnacionais. O potencial de faturamento dessas organizações com a comercialização de cocaína é estimado em R$ 335 bilhões, o que equivale a 4% do PIB de 2021. O PCC atua em 23 estados, enquanto o Comando Vermelho está presente em 20.