Nesta quinta-feira (15), um ciclone extratropical chegou à região Sul do Brasil, próximo ao litoral norte de Santa Catarina. A previsão é de que ele avance em direção ao nordeste do Rio Grande do Sul nesta sexta-feira (16).
Segundo a Metsul, as áreas mais vulneráveis serão o sul de Santa Catarina, especialmente entre o Planalto Sul Catarinense e o litoral sul, além do nordeste gaúcho, entre os campos de cima da serra e o litoral norte. A região metropolitana de Porto Alegre, em especial entre o vale do Sinos e Paranhana, também está sob preocupação.
Espera-se que o fenômeno cause intensas chuvas nas próximas 24 horas, principalmente sobre o Rio Grande do Sul e o sul de Santa Catarina. A precipitação não será generalizada em ambos os estados, mas sim localizada no centro-leste, com volumes que variam de 80 a 120 milímetros em algumas áreas. Em locais específicos, os acumulados podem chegar a até 150 milímetros, de acordo com Willians Bini, head de Agronegócios da Climatempo.
O ciclone extratropical representa riscos para a população?
Esses fenômenos de ciclone extratropical são comuns na região Sul e Sudeste do Brasil e podem ocorrer em qualquer época do ano, mas são mais frequentes no outono e inverno. Segundo Willians Bini, da Climatempo, todos os anos ocorrem eventos desse tipo, com intensidades variadas, mas não são raros, principalmente nessa época.
Devido à intensa precipitação em um curto período de tempo, existe o risco de alagamentos em áreas urbanas e o solo encharcado aumenta as chances de deslizamentos de terra, encostas e transbordamento de rios.
No setor agrícola, algumas regiões produtoras podem ser afetadas, mas os principais polos, como o interior gaúcho, geralmente não são impactados. Pequenos e médios agricultores devem estar atentos a possíveis erosões e deslizamentos de terra.
O especialista enfatiza que não há previsão de chuvas de granizo, o que poderia ser prejudicial para algumas culturas, nem ocorrência de geadas. No entanto, a sensação de frio será intensificada. A atenção deve estar voltada para os fortes ventos e chuvas nas próximas 24 horas.
Ventos fortes
De acordo com o prognóstico da Metsul, as rajadas de vento durante o fenômeno devem variar entre 80 e 100 km/h de forma geral. Na região leste de Porto Alegre, a previsão é de rajadas entre 60 e 80 km/h. Entre Torres e Passos de Torres até Garopaba, as rajadas devem oscilar entre 90 e 100 km/h, podendo ultrapassar os 100 km/h em pontos isolados. Esses ventos fortes podem causar quedas de árvores e postes, afetando também o fornecimento de energia.
No oceano, a influência do ciclone extratropical resultará em agitação marítima e ressaca ao longo da costa do Sul e parte do Sudeste. A meteorologia avalia que as ondas poderão atingir até 4 metros entre o litoral sul de Santa Catarina e o litoral norte do Rio Grande do Sul, entre sexta-feira (16) e domingo (18).
O que é um ciclone extratropical?
O ciclone extratropical é um fenômeno meteorológico caracterizado por uma área de baixa pressão atmosférica, onde os ventos circulam em torno do centro do sistema, no sentido horário no Hemisfério Sul. Esse tipo de ciclone se forma devido a contrastes de temperatura e é mais comum durante o outono e o inverno, principalmente ao longo das costas do Sul e do Sudeste do Brasil.
A intensidade dos ventos está diretamente relacionada à baixa pressão atmosférica, sendo que quanto menor a pressão, maior a intensidade dos ventos. Esses ventos podem atingir velocidades superiores a 100 km/h, o que pode resultar em chuvas intensas e fortes rajadas de vento.
Quando o ciclone extratropical se forma próximo à costa, pode causar chuvas contínuas por várias horas, levando a enchentes, encharcamento do solo e deslizamentos de terra. Normalmente, o fenômeno está associado a frentes frias, mas também pode ocorrer de forma independente, conhecida como ciclogênese, tanto sobre o continente quanto sobre o oceano.
Fenômeno que provoca a neve
A presença de ciclones extratropicais é frequentemente associada aos eventos de neve na região Sul do Brasil. Esses ciclones são responsáveis por transportar a umidade do mar para o continente, criando as condições necessárias para a formação de nuvens de neve. Essa umidade combinada com o ar extremamente frio de origem polar é o que possibilita a ocorrência de neve.