É, por vezes, o cansaço cobra ao espírito com tamanha intensidade que chegamos a esmorecer. Quem nunca pensou em desistir, jogar tudo para o alto, dizer um “dane-se” e cuidar tão-somente das coisas da própria vida, assim como de sua família nuclear?
O fardo dos brasileiros, em especial dos cristãos e de todos aqueles que defendem valores que se alinham com os destes, com os nossos, não tem sido fácil. Vivemos como se estivéssemos em um imenso maremoto, jogados ao mar em meio a ondas gigantescas que podem nos jogar ao fundo a cada passagem. Sôfregos, retornamos à superfície para respirar, tomar um fôlego e tornamos a mergulhar para sairmos do outro lado. Para sobreviver em meio à tempestade é preciso saber vencê-la e isso não significa enfrentá-la diretamente jogando-se contra ela. Muito pelo contrário! É preciso usar a inteligência, sabendo que vez ou outra será preciso usar um pouco mais de força, uma vez que não temos sequer previsão de quanto tempo perdurará esta turbulência.
O que não pode jamais se afastar de nossas mentes é que depois de tudo isso virá o bom tempo, de muito sol, iluminado e com o calor próprio para fazer florescer coisas belas, para pôr fim aos bolores e tantas coisas mais que podem nos fazer adoecer. Bem diz o ditado popular que “não há mal que dure para sempre…”.
Angustiamo-nos com as injustiças, os desmandos e com o aparente sentimento de impotência que nos acomete e que muitos tentam colocar como uma verdade absoluta. Sofremos. São afrontas continuadas aos nossos valores, aos nossos desejos de país, de sociedade justa, de dia a dia saudável e, até mesmo, ao nosso bem mais precioso: à nossa família.
Em resposta a estes cenários, costumo dizer que os superaremos tanto mais fortes forem as nossas convicções. E que as armas são paciência, determinação e fé! Paciência para compreender que as transformações do mundo não seguem os nossos anseios, mas o tempo Dele. A determinação de que bem sabemos onde queremos chegar e qual o nosso papel nessa caminhada, pelo que é fundamental sermos elementos ativos, contribuindo, cada um de nós, pois se trata de tarefa coletiva o enfrentamento necessário. Por fim, a fé de que contamos uns com os outros, unidos pela mesma Crença e a confirmação de que somos instrumentos, razão pela qual nunca seremos abandonados, ainda que andemos pelo Vale das Sombras.
Confesso que, quando era mais jovem, sofria por não entender certos comportamentos mesquinhos, atos maldosos e coisas do gênero. Afinal, não faziam parte de meu modo de viver e os ensinamentos domésticos me levavam a me manter afastado destes, a partir dos quais julgava este modo de ser e agir inaceitáveis como conduta humana. Compreender que cada indivíduo só tem a oferecer o que lhe preenche o coração e a alma foi o primeiro passo para compreender melhor o mundo que nos cerca. Quando nascemos e crescemos em um lar com valores cristãos, levamos certo tempo até termos a adequada percepção de que nem todos agem como agiríamos. Assim, por certo tempo, parece que estaremos em desvantagem social por não reconhecermos, desde sempre, artifícios, subterfúgios, artimanhas etc., pois fomos educados a seguir na vida sendo honestos, sinceros, enfim, verdadeiros.
Com o passar dos anos, aprendemos a perceber os valores destoantes dos nossos por trás dos gestos, das palavras, das omissões… É preciso conhecer do caráter e sermos capazes de reconhecer o mal que outros podem nos causar. Não para sermos iguais a estes, jamais. Mas, como costumo dizer às filhas e sobrinhos, para não sermos vítimas. E justamente aí reside a nossa vantagem, por termos valores sólidos, perenes, o que se reflete em nosso modo de ser e agir: nos tornamos indivíduos confiantes e confiáveis, o que termina por afastar ou, por, pelo menos, impor respeito – que muitas vezes se transforma em inveja – àqueles cuja formação não se alinha ou não se irmana à nossa.
E essa inveja, por não caber em si, ser contida, ganha vida em agressões, insultos, perjúrios e tudo o mais que possa servir para demonstrar o inconformismo com a inferioridade de quem não encontra satisfação em si mesmo, serenidade de quem confia em um Deus pleno de bondade e que nos renova as energias cada vez que oramos e pedimos Sua intercessão.
Como engenheiro, costumo dizer que a nossa bateria, aquela que acumula energia vital para enfrentarmos o cotidiano é alimentada pelo “Orai e Confiai!”. Por vezes, seu nível pode diminuir, contudo os meios para restaurá-la estão sempre lá. Mas, apenas isto não é suficiente para o bem-viver, é preciso transformá-la em ação. Ação para mudar o tempo em que vivemos e legarmos dias melhores às gerações vindouras!
Não nos esqueçamos de rememorar, todo santo dia: Orai e Confiai, sempre agindo. Pois, por vezes, calar é consentir. Não defender os injustiçados, é contribuir com a injustiça. Não defender os seus valores, é como negá-los. É preciso enfrentar o mundo, sem medo, com inteligência. Bem sei do seu cansaço, do meu cansaço, do cansaço de muitos… Mas, desistir não é opção!