Há muito tempo já havia a suspeita de que os buracos negros existiam. Mas com a primeira foto de um buraco negro superpesado, a prova foi fornecida: eles existem! E a foto revela um dos maiores mistérios do universo, uma conquista digna do Prêmio Nobel, como é amplamente declarado no mundo da astronomia.
Nesta quarta-feira, uma equipe internacional de astrônomos mostrou as imagens de um buraco negro na galáxia Messier 87. A gravação foi feita com radiotelescópios trabalhando juntos em todo o mundo e combinando as observações captadas em uma imagem.
Os resultados destas observações foram hoje apresentados simultaneamente, em seis coletivas de imprensa na Bélgica, EUA, Chile, China, Taiwan e Japão.
“Nós vimos o que pensávamos ser invisível. Nós tiramos uma foto de um buraco negro. Aqui está!”, disse Sheperd Doeleman, da Universidade de Harvard.
A foto mostra o buraco negro, um objeto que tem uma força gravitacional tão alta, que nem a luz consegue escapar. Em torno desse buraco, que é uma espécie de dreno, há matéria que é sugada para dentro. Essa matéria rotativa dá um anel de luz, neste caso é radiação de rádio.
O buraco negro agora fotografado, é aproximadamente do mesmo tamanho que o nosso sistema solar inteiro, e está a uma distância de 55 milhões de anos-luz do nosso planeta.
O fato da foto não ser totalmente nítida, não a torna menos especial. Pode-se compará-la a uma foto borrada de uma pessoa, e mesmo que a foto não esteja nítida, você ainda possa reconhecer esta pessoa.
Em 2012, o projeto ‘Event Horizon Telescope’ foi iniciado com observações do centro da galáxia, na constelação de Virgem.
Buracos negros superpesados, ao contrário dos menores, que surgem quando uma estrela desmorona sob seu próprio peso, são cercados por mistérios. Eles estão no centro da maioria das galáxias, incluindo a Via Láctea, e têm uma massa de 4 milhões de vezes do nosso sol.
Teoria de Einstein
Há mais de um século, esses monstros espaciais que devoram tudo, foram previstos por Albert Einstein em sua teoria da relatividade especial.
As observações dos telescópios espalhados pelo mundo já haviam confirmado a teoria de Einstein há décadas. Mas nunca havia sido realizado o feito de tirar uma foto; sua teoria está agora comprovada.
Avanço científico
Em 1998, o astrônomo alemão Heino Falcke, da Universidade Radboud na Holanda, escreveu a primeira publicação científica sobre como buracos negros poderiam ser representados: conectando grandes antenas parabólicas em todo o mundo, para fazer uma câmera que fosse tão grande quanto a Terra.
“É como se estivéssemos colocando as frequências de mil rádios de carro em sucessão. Em vez de mega-hertz, você obtém tetra-hertz. Dessa forma, você pode olhar muito longe”, explicou Heino à imprensa.
O truque adicional inventado pelo cientista alemão, foi usar o telescópio para procurar lugares no espaço onde há muita radiação. Isso permitiu que ele identificasse lugares, onde buracos negros certamente podiam ser encontrados.
“Um buraco negro suga gás, e isso é o que causa a radiação”, esclareceu Heino.
Em um buraco negro, a massa da Terra é comprimida em uma bola de tênis. Devido à enorme gravidade, toda a luz também é sugada. O ponto onde a luz e a matéria são irrevogavelmente absorvidas é chamado de “event horizon” (tradução livre: evento horizonte); e é isso que pode ser visto agora.
Esse horizonte de observação é o grande problema com que os cientistas estavam lutando, para que um buraco negro fosse trazido em imagem e pudessem provar a sua existência.
Em 2004, Heino e seu grupo de cientistas já eram capazes de fazer medições iniciais, perto da borda de um buraco negro, no centro da galáxia Sagitário A, a 26.000 anos-luz.
Pesquisas futuras
Embora a evidência para a existência de buracos negros tenha sido fornecida, muitas questões permanecem em aberto.
Devido à falta de luz, apenas a parte externa do buraco negro pôde ser vista. Porém, ainda não está claro o que está acontecendo no próprio buraco negro.
Ainda não foi desvendado se matéria e a energia desaparecem para sempre ou uma parte continua a existir. E se há alguma maneira de entrar em um buraco negro para descobrir.
Como o próprio Heino Falcke declarou: “Após a prova da existência de buracos negros, a verdadeira investigação está apenas começando”.
Acima de tudo, esta foto deve ser um primeiro passo para conduzir ainda mais pesquisas sobre o fenômeno.