O Japão juntou-se aos EUA para um exercício no Mar da China Meridional, depois de se envolver em uma diplomacia de defesa com a Indonésia e o Vietnã, que não foi bem aceita pela China.
Três navios da Força de Autodefesa Marítima do Japão (JMSDF) se juntaram à Marinha dos Estados Unidos para uma série de exercícios na hidrovia contestada que começou segunda-feira (12) e continuará nsta semana.
“Mesmo durante a situação da covid-19, a JMSDF continua a trabalhar com marinhas aliadas e parceiras, contribuindo assim para a paz e estabilidade regional e um Indo-pacífico Livre e Aberto,” disse o Capitão Nishida Satoshi, comandante do helicóptero JS Kaga da JMSDF, em um comunicado da Sétima Frota dos Estados Unidos (U.S. 7th Fleet), uma divisão da Marinha dos Estados Unidos designada para operar na região oeste do Oceano Pacífico e no Oceano Índico.
De acordo com um comunicado do Ministério da Defesa japonês, isso se seguiu a um exercício de guerra antissubmarino da JMSDF no Mar da China Meridional na sexta-feira, enquanto transitavam pela área, após uma escala no porto da Baía de Cam Ranh, no Vietnã, que pediu por um reabastecimento.
As forças de autodefesa do Japão são restringidas pela constituição pacifista do país, que o proíbe de resolver disputas internacionais pela força. Por isso, a China não recebeu bem as manobras submarinas japonesas. O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Zhao Lijian, disse a repórteres em Pequim na segunda-feira: “Esperamos que o país em questão [Japão] não faça coisas que prejudiquem a paz, segurança e estabilidade regionais”.
A escala no porto do Vietnã provavelmente atingiu um ponto sensível em Pequim, que historicamente viu o Japão como um rival estratégico e tem uma relação tensa com Hanói por causa de suas reivindicações concorrentes ao Mar do Sul da China.
O Japão fez várias escalas em Cam Ranh Bay desde 2016. Embora o Japão não seja parte nas disputas do Mar da China Meridional, o país depende do comércio por meio dessa hidrovia. E esta é a razão pela qual o Japão realizou esses trânsitos ou teve sua presença rotativa no Mar da China Meridional, especificamente como uma mensagem à China de quem são e quem não são os amigos e aliados do dragão chinês.
O envolvimento do Japão na região mostra como o país tem relações comparativamente menos tensas com os Estados do sudeste asiático do que a China.
A China reivindica quase a totalidade do Mar da China Meridional como “seu território histórico”. Seis outros governos asiáticos têm reivindicações territoriais ou fronteiras marítimas no Mar do Sul da China que se sobrepõem às reivindicações abrangentes da China. Eles são Brunei, Indonésia, Malásia, Filipinas, Taiwan e Vietnã. Embora a Indonésia não se considere parte na disputa do Mar da China Meridional, Pequim reivindica “direitos históricos” sobre partes desse mar que se sobrepõem à zona econômica exclusiva da Indonésia.
De acordo com uma coletiva de imprensa realizada no Ministério de Relações Exteriores do Japão na terça-feira (13), o novo primeiro-ministro do Japão, Suga Yoshihide, visitará a Indonésia e o Vietnã em sua primeira viagem ao exterior como PM.
Segurança marítima
A assistência de segurança do Japão ao sudeste da Ásia visa principalmente questões de segurança marítima e agências civis de aplicação da lei, mas o Japão assinou seu primeiro grande acordo de exportação de defesa em agosto passado, vendendo radares de vigilância avançados de longo alcance para as Filipinas.
Em 6 de outubro, o Japão, Austrália, Índia e Estados Unidos formaram o ‘The Quad’ – um agrupamento de quatro democracias Indo-pacíficas. Eles realizaram uma reunião de segurança de alto nível, mas não divulgaram nenhuma declaração conjunta depois. Pequim vê o ‘The Quad’ com suspeita, e Wang Yi, o principal diplomata da China, criticou o grupo na terça-feira (13).
“O que ele [The Quad] busca é alardear a mentalidade antiquada da guerra fria e iniciar o confronto entre diferentes grupos e blocos, além de estimular a competição geopolítica”, disse ele em entrevista coletiva em Kuala Lumpur, após reunião com o ministro das Relações Exteriores da Malásia, Hishammuddin Hussein.
Wang Yi está atualmente viajando por cinco diferentes países do sudeste asiático para negociações diplomáticas. Sua visita à Malásia coincidiu com a prisão, dias antes, de cerca de 60 cidadãos chineses cujas embarcações de pesca invadiram as águas malaias.