Escrito por Alexandre Knoploch
Empresário, presidente da Associação de Moradores da Tijuca e pré-candidato a deputado estadual (PSL).
Os policiais do Rio de Janeiro estão na mira. Basta ligar a TV ou acessar as redes sociais e constatamos que os bandidos estão matando cada vez mais, sem dó nem piedade, nossos homens da lei. O Rio de Janeiro vive uma guerra civil. Passamos o mês de abril e o ano de 2018 já registra pelo menos 110 policiais baleados – sendo que 45 não resistiram. Do total, mais de cem eram PMs. Destes, ao menos 58 estavam de serviço, 49 estavam de folga, um estava de férias fora do Estado do Rio, quatro eram reformados e um estava adido a outro órgão. Diante destes números alarmantes, além da dúvida se irão voltar para casa após um dia de trabalho, eles questionam inclusive a legitimidade de ser um policial.
Existem regras básicas para ser um policial: respeito, recurso e legitimidade. O que se vê é que parte da sociedade não respeita a Polícia como instituição, e muito menos o policial. Através de dogmas impetrados após o Governo Militar, boa parte da sociedade afronta, humilha e desabona a instituição. Assim, se o Estado deve nos proteger, como poderemos ser protegidos se a própria sociedade quebra o escudo de confiança e validação? Alguém vê publicidade dos nossos governos falando da importância de nossos policiais? O respeito tem de ser restaurado urgentemente! E isso deve ser feito para que esta legitimidade volte a fazer parte do dia a dia de cada policial que arrisca a sua vida por nós.
Outro ponto que deve ser abordado é o seguinte: qual a legitimidade de reagir a um assalto, de defender a sua vida ou de um cidadão, se o policial sofre com a falta de segurança jurídica, pois quem o acusa e julga sempre pergunta “por que atirou, por que reagiu”?. Tais perguntas são feitas sem embasamento da realidade, já que o policial deve proteger a sociedade. Leis como a PLS 352/2017, denominada erroneamente como ‘Lei do Abate’, que entrou em vigor em 2004 após pilotos da Força Aérea Brasileira (FAB) terem disparado tiros de advertência contra um monomotor que transportava 176 quilos de cocaína, em Rondônia, na região de fronteira do Brasil com a Bolívia, fazem parte de ações imediatas que devem ser tomadas para garantir a legitimidade das ações de defesa da Polícia Militar.
Existem, ainda, as péssimas condições de trabalho às quais os policiais estão submetidos. O policial militar anda em viaturas sucateadas, usa armas da Imbel ou Taurus que não apresentam confiabilidade e coletes balísticos de qualidade duvidosa, e recebe péssimos salários. Sem contar que os batalhões estão caindo aos pedaços.
Outro absurdo: os policiais, quando saem de suas jornadas, têm de portar sua própria arma, taxada com imposto de 200%. Assim, este policial usa a arma mais barata, que em países de Primeiro Mundo é considerada arma sobressalente. Fazendo uma comparação bem simples, em uma guerra onde uma ponta está com os melhores recursos, a outra está de estilingue.
Portanto, defendo que, enquanto o Estado brasileiro não der condições mínimas, inclusive financeiras capazes de criar isenções a policiais, até mesmo a de impostos, viveremos à margem de uma sociedade doente e que não valoriza nem mesmo seus próprios heróis.