A embaixada da China na Suécia se envolveu em uma briga pública com políticos suecos depois que seu embaixador foi acusado de ameaçar um jornalista, segundo informações do jornal EuroNews.
Na semana passada, membros dos partidos Democrata Cristão e Democrata Sueco reiteraram o pedido de expulsão do embaixador chinês, Gui Congyou.
Isso aconteceu depois que o jornalista freelancer sueco Jojje Olsson, que escreve para o jornal Expressen, disse ter recebido um e-mail da embaixada na quinta-feira, 9 de abril.
A mensagem acusava Olsson de ‘corrupção moral’ e pedia que ele encerrasse sua cobertura crítica de Pequim ou “enfrentasse as consequências de suas próprias ações”.
Numerosos políticos suecos, incluindo Lars Adaktusson, porta-voz de Política Externa dos democratas-cristãos, imediatamente pediram a deportação do embaixador.
No sábado (11), a ministra sueca das Relações Exteriores, Ann Linde, classificou a correspondência como “completamente inaceitável”, mas disse que Gui não enfrentaria a expulsão como consequência.
O Tweet diz: “É claro que é totalmente inaceitável que uma embaixada faça declarações ameaçadoras contra um jornalista”.
Em nota divulgada no domingo (11), a embaixada chinesa em Estocolmo escreveu que os políticos haviam feito “comentários injustos” aos quais “condenamos e nos opomos firmemente”.
“A China é um país cortês e respeitoso que acredita no respeito mútuo. Somente quando alguém respeita os outros, será respeitado. Quem dá rosas aos outros é o primeiro a cheirar o odor, mas quem joga lama nos outros tem sujeira nas mãos”, escreveu a embaixada.
Não é a primeira vez que o embaixador chinês se envolve em brigas na Suécia.
O último incidente ocorreu poucos meses depois de Gui Congyou ter sido convocado ao Ministério das Relações Exteriores da Suécia, após declarações que ele fez que pareciam ameaçar jornalistas.
Em uma entrevista para a a emissora estatal sueca de TV, SVT, em 15 de janeiro, Gui acusou a mídia sueca de “difamar a China”.
Ele passou a comparar a relação entre os repórteres suecos e o governo chinês com um boxeador de 45 Kg que desafia um boxeador de 86 Kg para uma luta e concluiu: “Que escolha você espera que o boxeador peso pesado tenha?”
“O comportamento do embaixador é bem conhecido”, disse Lundgren ao Euronews.
“Já o vimos atacar jornalistas antes. Expulsá-lo não fará diferença – ele receberá uma estrela dourada de volta para casa por suas ações e outro virá para cá com o mesmo mandato”.
“O Partido Comunista Chinês quer censurar e fechar, e garantir que apenas uma história seja contada. O embaixador age sob as ordens do regime comunista, e nós vemos isso”, acrescentou.
Kerstin Lundgren, vice-presidente do Riksdag Parlamento da Suécia e porta-voz do Partido do Centro Sueco para Relações Exteriores, acrescentou que ela e seus colegas estão acompanhando de perto os abusos dos direitos humanos cometidos contra muçulmanos uigures na província chinesa de Xinjiang.
No mês passado, a UE impôs sanções a quatro autoridades chinesas, incluindo um diretor de segurança, em uma ação que Pequim descreveu como ‘confrontadora’.
Lundgren disse que os políticos suecos também continuarão a apresentar uma frente unida em defesa da liberdade de expressão no país.
“Todos nós apoiamos claramente os jornalistas e a liberdade de expressão”, disse ela.
“Não somos seguidores da China e eles não ganharão seguidores com esse comportamento”, finalizou.