As mulheres jovens que receberam pelo menos uma dose da vacina contra Covid-19 produzida pela AstraZeneca podem ter apresentado maior probabilidade de morrer de um problema cardíaco nas 12 semanas após a vacinação.
Os dados constam em uma análise dos registros de imunização e óbito na Grã-Bretanha divulgada na última segunda-feira (27).
— Talvez as pessoas extremamente vulneráveis do ponto de vista clínico sejam mais suscetíveis aos efeitos colaterais da vacina — disse Vahé Nafilyan, estatístico sênior do Escritório Nacional de Estatísticas da Grã-Bretanha e um dos principais pesquisadores do estudo.
Os resultados do levantamento científico foram publicados na revista Nature Communications.
A perícia encontrou seis mortes relacionadas ao coração por 100 mil mulheres jovens que receberam pelo menos uma dose da vacina na Grã-Bretanha. Nessas mulheres, a morte relacionada ao coração foi 3,5 vezes mais provável nas 12 semanas após a vacinação do que após o período de 12 semanas. Coágulos que bloqueiam o fluxo sanguíneo podem causar ataque cardíaco ou derrame.
Outros estudos apontaram os efeitos colaterais da vacina a subgrupos específicos. Dados de vários países vinculam as vacinas de mRNA contra Covid a um risco elevado de miocardite e pericardite —inflamação do coração ou de seu revestimento externo—, principalmente em homens entre 12 e 29 anos.
Ainda assim, segundo alguns especialistas, a análise não liga conclusivamente as vacinas às mortes.
— É o suficiente para chamar minha atenção e dizer que devemos estudar mais isso — disse Daniel Salmon, diretor do Instituto de Segurança de Vacinas da Escola de Saúde Pública Bloomberg da Universidade Johns Hopkins. Mas “eu não chegaria perto de tirar alguma conclusão causal”, sustentou.