Antipetismo em cena. O clima de polarização segue em alta no Brasil, especialmente após as últimas eleições presidenciais de 2022, com a divisão nítida do eleitorado entre esquerda e direita. A ascensão do antagonismo ao petismo, que está no poder há quase 20 anos, ganhou força durante os atos populares de 2013, quando a então presidente Dilma Rousseff (PT) dava sequência ao terceiro mandato consecutivo do lulopetismo.
À época, o inconformismo popular tomava conta da população e, a partir daquele ano, começou a ganhar as ruas de todo o país, com atos e movimentos que pediam a destituição de Dilma, que já acumulava uma série de problemas em sua gestão, com indicativos econômicos sob alerta, além de sucessivas crises políticas e escândalos de corrupção de pessoas ligadas a seu círculo político.
Agora, uma década após o início que marcou a ascensão da polarização e a rejeição máxima ao petismo, o cenário volta a se acentuar com o retorno de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Palácio do Planalto. Apesar de o governo Lula III ser composto por diversas frentes políticas e partidárias, uma das estratégias adotadas para conseguir algum tipo de governabilidade —e, ao mesmo tempo, incluir ao máximo grupos que se comprometem a garantir a continuidade da gestão, independente do que reflita fora do poder—, o clima de oposição segue mais forte do que nunca.
Mesmo o governo Lula III se cercando de tantos poderes políticos para se blindar de uma queda futura, dando espaço a quase todas as frentes dispostas a entrar em sua gestão, —incluindo o Centrão, que sempre foi um bloco político alvo de duras críticas quando estava coalizando com seus opositores, especialmente Jair Messias Bolsonaro (PL)—, ainda assim o ambiente de rejeição já preocupa o eixo governista e nomes do alto escalão.
Isso porque, em tese, quando a impopularidade ascende, reflete que as ações do governo não estão beneficiando a população brasileira. Para além do marketing, o mundo real dos mais de 200 milhões de pessoas que compõem o Brasil é completamente diferente do que está na propaganda institucionalizada do PT e, por consequência, mesmo que exista toda uma massa comunicativa tentando mostrar que o país está bem, os fatos não se sustentam em cima de meras narrativas.
Não à toa que, em menos de 1 ano completo, a rejeição de Lula já está nas alturas. Um levantamento recente do Atlas Intel aponta que a gestão de Lula enfrenta um momento de virada na popularidade e, a qualquer momento, pode perder fôlego e ser alvo de crises sem precedentes.
A avaliação negativa (que inclui os quesitos ruim ou péssimo) do governo é de 45,1%, ante 42,7% de avaliação positiva (ótimo ou bom). 10% dos entrevistados consideraram o governo regular. É a primeira vez que a avaliação negativa do governo Lula superou a positiva.
Na política e fora dela
Para além de pesquisas de institutos e de crises que se concentram no eixo político, o clima de polarização se reflete na vida dos brasileiros e afeta diretamente em sua rotina. Com a chegada do fim do ano, com climas festivos às portas, a cor vermelha, que marca o simbolismo do Natal, já não representa o mesmo vermelho de antes. Apesar de ser uma cor tradicional dos trajes e das decorações natalinas, a cor vermelha não tem feito parte do guarda-roupa de muitos brasileiros, que devido à polarização política têm buscado evitar cores vermelhas que podem, muitas vezes, serem atreladas a alguma agenda política, partidária ou ideológica.
A ação de chegar ao ponto de usar vermelho em roupa e adereços pode soar como exagero e politicagem por parte de quem tem feito adesão em evitar essas peças. No entanto, a cor vermelha foi, ainda que muitos ousem negar, sequestrada pela esquerda e extrema-esquerda. Um exemplo disso é quando a posse do presidente Lula foi tomada pelas cores vermelhas na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, em sinalização de que a cor é uma marca forte de quem segue seus preceitos.
O vermelho também se fez presente na capital federal quando, de modo a romper com a tradição, a primeira-dama Rosângela Lula da Silva, a Janja, decidiu usar um vestido vermelho durante o desfile do 7 de setembro que, apesar de ser uma data festiva e celebrada anualmente, esteve esvaziada em todo o país, constatando a falta de popularidade da atual gestão à frente do Brasil.
O vermelho, de fato, traz consigo uma representação forte de bandeiras que são rejeitadas pela maioria da população, ainda que Lula tenha sido declarado oficialmente como vencedor do pleito de 2022. A população, em sua grande maioria, rejeita ideologias como comunismo, socialismo ou qualquer agenda que traga essas representações explícitas e, em sua modernização, também é rejeitada, como o progressismo.
No setor da moda
Com a polarização e a rejeição ao petismo em níveis saltitantes, o mercado da moda já começa a sentir o clima de rejeição ao atual governo. Ao acompanhar o balanço do que está em tendência e entrando na escolha dos brasileiros neste fim de ano, nomes da área já falam que o vermelho, para muitos brasileiros, está sendo descartado — ao menos como roupa.
Em outras ocasiões, sem a eliminação completa da cor, muitos têm buscado mesclar o traje com outras cores para não estar em datas festivas tão simbólicas com cores que não estão sendo representadas pelas melhores causas.
Atento a toda essa movimentação, o especialista em estilo masculino, Igor Krahenbuhl, que acumula mais de 1 milhão de seguidores em suas redes sociais, usou o Instagram para fazer uma publicação que evidencia a polarização no país e reforça o interesse de que muitos não estão dispostos a usar o vermelho como já foi usado antes. No Instagram Estilo de Verdade, gerenciado por Igor, uma publicação sugere o público a usar, sim, o vermelho, mas sem ser confundido com a esquerda ou extrema-esquerda.
A imagem de capa já inicia confrontando: ‘Como usar vermelho sem parecer petista’. Nas imagens ao lado, são apontados vários trajes e combinações que podem fugir do estilo habitual e, de forma estratégica, combinar peças, tons e estilos que não se assemelhem ao eleitorado de Lula.
Ao falar sobre a postagem, Igor Krahenbuhl explica que, se alguém tem receio de usar vermelho por motivos políticos, “sabia que nenhum partido, figura política ou ideologia é dono de cor alguma”, argumenta ele.
Ainda assim, o especialista em estilo masculino dá as dicas, dizendo que, para quem deseje aderir, “tons de vermelhos mais próximos do vinho, bordô ou de tons terrosos” são indicados. “Evitar cores muito saturadas e investir em cores mais sóbrias é muito elegante. E sobre as combinações em si, usar branco e algum tipo de marrom é muito acertado”, destaca.
“Vermelho e azul é tranquilo demais e praticamente sem erro. Vermelho e cinza também é uma combinação muito segura já que o cinza é super neutro. Verde e vermelho é uma combinação mais ousada e para quem já tem uma maturidade de estilo. O segredo aqui é apostar em verdes sujos (pouco saturados, vibrantes ou mais amarronzados)”, orienta o profissional.
Ao final da recomendação, Igor Krahenbuhl faz menção direta ao petismo, além de bandeiras da União Soviética e da China, aconselhando que as pessoas evitem usar cores como vermelho juntas ao preto e amarelo.
“E em hipótese alguma use vermelho super intenso junto com a cor preta porque, além de ficar meio vampiresco, talvez até vulgar, certamente irá lembrar roupa de petista. Antes que eu me esqueça, vermelho e amarelo além de parecerem cores de fast food, também lembram a bandeira da União Soviética e da China”, diz o especialista de moda.
Veiculada na manhã desta terça-feira (19), a postagem já conta com milhares de curtidas e comentários, incluindo interações do fotógrafo João Menna, que elogiou a abordagem do tema, e também do consultor de imagem Alexandre Taleb, que também disse aprovar o conteúdo de Krahenbuhl.