O bilionário Elon Musk afirmou neste sábado (15) que “devemos eliminar máquinas de voto eletrônico”, incluindo urnas eletrônicas. Ele argumentou que “o risco de serem hackeadas (invadidas) por humanos ou por inteligência artificial, mesmo que pequeno, é ainda grande demais”, escreveu Musk na rede social X, da qual é proprietário.
A declaração de Musk foi uma reação a uma postagem de Robert F. Kennedy Jr., candidato independente nas eleições presidenciais dos Estados Unidos deste ano.
Kennedy havia comentado que as primárias em Porto Rico foram marcadas por “centenas de irregularidades de voto relacionadas às máquinas de votação”. Ele destacou que, “por sorte, havia registros em papel, então o problema foi identificado e a contagem de votos corrigida”. Kennedy questionou: “O que acontece em jurisdições sem registros em papel?”
Para o candidato Robert F. Kennedy Jr., os americanos precisam “voltar às cédulas em papel para evitar interferência eletrônica nas eleições”. Ele afirmou que, caso vença, seu governo “exigirá cédulas impressas e garantirá eleições honestas e justas”.
Kennedy citou uma reportagem da Associated Press (AP) como fonte. “O problema começou com uma falha de software que fez com que as máquinas fornecidas pela empresa Dominion Voting Systems calculassem incorretamente o total de votos”, disse à AP a presidente interina da comissão eleitoral de Porto Rico, Jessika Padilla Rivera.
Mais de 6000 máquinas da Dominion foram usadas nas primárias da ilha. A empresa tem um contrato com a comissão eleitoral que expira no fim de junho. Com a falha, a renovação é incerta. “Não podemos permitir que a confiança do público no processo de votação continue a ser prejudicada enquanto nos aproximamos das eleições gerais”, afirmou José Varela, vice-presidente da Câmara dos Deputados de Porto Rico.
Os porto-riquenhos elegerão seu governador em novembro. No entanto, como a ilha é um território não incorporado dos Estados Unidos, eles não têm direito de escolher o próximo presidente do país.
A inconsistência na contagem de votos afetou os principais partidos, sem uma direção ideológica ou partidária aparente, e impactou votos para os cargos de governador e prefeito.
Diferenças entre máquinas Dominion e urnas eletrônicas brasileiras
Nos Estados Unidos, o sistema eleitoral é mais descentralizado que no Brasil, com a adoção das máquinas de votação variando de estado para estado e de condado para condado. As máquinas de votação produzidas pela Dominion são um exemplo dessa diversidade.
Existem diferentes tipos de máquinas Dominion. Algumas imprimem um registro em papel do voto, chamado VVPAT (sigla em inglês para “registro auditável em papel verificado pelo eleitor”). Em algumas regiões, os votos são contados diretamente nessas máquinas, similarmente às urnas eletrônicas brasileiras produzidas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Além disso, há locais onde os recibos impressos também são contados.
As urnas eletrônicas brasileiras não emitem recibos impressos para cada voto, ao contrário das máquinas de votação do Paraguai, que o fazem.
Em abril, a série de reportagens Twitter Files Brasil revelou, com base em comunicações internas da rede social, que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) buscou coletar em massa dados pessoais de usuários do Twitter que participaram de campanhas com hashtags a favor do “voto impresso auditável”. Segundo conselheiros seniores do jurídico do Twitter, essa iniciativa do tribunal violava o Marco Civil da Internet e a Constituição.