O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou nesta quarta-feira (4) um apelo a favor do “direito ao aborto”, em meio a discussões nos Estados Unidos por uma provável decisão da Suprema Corte.
“Restringir o acesso ao aborto não reduz o número de procedimentos. A restrição leva mulheres e jovens a recorrerem a procedimentos perigosos”, escreveu Tedros Adhanom em uma publicação nas redes sociais. “O acesso a um aborto seguro pode salvar vidas”, acrescentou.
O chefe da entidade declarou ainda que “as mulheres devem sempre ter o direito de escolha quando se trata dos seus corpos e da sua saúde”
Institucionalmente, a OMS defende que as restrições ao aborto não reduzem o problema. No portal na internet, o órgão afirma que, nas nações com restrições mais severas, apenas um em cada quatro abortos é seguro, em comparação com quase nove em dez em países onde a interrupção da gravidez é amplamente legalizada.
Entenda a polêmica
O jornal Politico informou, na segunda-feira (2), citando documentos extraoficiais, que o ‘STF dos EUA’ está se articulando a fim de anular a decisão de 1973 que reconheceu o aborto com um direito.
O veículo garante ter obtido projeto de decisão, do juiz Samuel Alito, datado de 10 de fevereiro, que está sendo negociado e tem publicação prevista para antes de 30 de junho.
O processo chamado Roe vs Wade, que há quase meio século sustentava que a Constituição dos EUA protegia o direito da mulher a fazer um aborto, era “totalmente sem mérito desde o início”, conforme o documento citado pelo periódico.
Se essa conclusão for aceita pelos demais juízes, os Estados Unidos voltarão à situação que existia antes de 1973, quando cada estado era livre para proibir ou autorizar a interrupção da gravidez.
Considerando a grande divisão geográfica e política sobre a questão, a previsão é que pelo menos metade dos estados proíbam o procedimento, especialmente no Sul e no Centro do país, que são regiões governadas por mandatários conservadores.